DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Propina era paga dentro da Casa Civil

Vinícius Castro, sócio de Israel Guerra, recebeu R$ 200 mil reais dentro da sala onde despachava, a poucos metros do gabinete da ministra da Casa Civil


A reportagem de capa de VEJA desta semana traz mais indícios da extensão do balcão de negócios que funcionava dentro da Casa Civil. A revista relata o episódio em que o jovem advogado Vinicius de Oliveira Castro, sócio do filho da ex-ministra Erenice, se surpreendeu ao encontrar 200 000 reais na gaveta de sua mesa de trabalho. “Caraca! Que dinheiro é esse? Isso aqui é meu mesmo?”, disse.

Como mostra a reportagem, o dinheiro era propina distribuída aos funcionários do ministério para que eles mantivessem silêncio sobre esquemas de corrupção - ou colaborassem com eles. Um colega mais experiente explicou: “É o ‘PP’ do Tamiflu, é a sua conta. Chegou para todo mundo”. ‘PP’ significa propina no linguajar da repartição. Tamiflu é um medicamento utilizado para combater gripes, em especial a suína. Dias antes, em 23 de junho, o governo fechara um contrato de 34,7 milhões de reais para compra emergencial do remédio. Temia-se, na época, que a gripe suína pudesse se transformar numa epidemia.

A história foi revelada a VEJA por um amigo de Vinícius que trabalhava no governo e por seu tio, Marco Antonio Oliveira, então diretor de Operações dos Correios. Os dois depoimentos foram gravados pela revista. Vinícius relatou ao tio, sem dizer nomes, que outros três funcionários da Casa Civil receberam os pacotes de 200 000 reais. “Foi um dinheiro para o Palácio. Lá tem muito negócio, é uma coisa”, afirmou. Para receber o valor, o ex-assessor da Casa Civil (que pediu exoneração na segunda-feira) explicou ao tio que não precisou fazer nada. “Eu avisei que, se ele continuasse desse jeito, ia sair algemado do Palácio”, disse a VEJA o ex-diretor dos Correios.

Além de funcionário do Planalto, Vinícius foi sócio de Israel Guerra, filho de Erenice Guerra, ministra da Casa Civil até quinta-feira, quando os escândalos que a têm como pivô a derrubaram do cargo. A empresa de Vinícius e Israel intermediava contratos com o governo e "vendia" a influência de Erenice aos seus clientes.

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