Fernando Henrique Cardoso critica a comunicação da campanha do correligionário José Serra por apresentá-lo como um 'candidato de continuidade' do governo Lula. Diz ainda que falta 'espontaneidade' aos programas de televisão do tucano.
Na opinião do ex-presidente da República, a eventual eleição de Dilma Rousseff (PT) representa risco não à economia, mas à 'vida institucional' do país. De acordo com FHC, o PT 'não pratica gestos tresloucados, mas desvirtua as instituições por dentro'.
Na opinião do ex-presidente da República, a eventual eleição de Dilma Rousseff (PT) representa risco não à economia, mas à 'vida institucional' do país. De acordo com FHC, o PT 'não pratica gestos tresloucados, mas desvirtua as instituições por dentro'.
FHC - Fiz e ouvi críticas. À falta de espontaneidade e à ideia de que ele seria um candidato de continuidade.
Segundo relato, o sr., nessa apresentação, não se mostrou pessimista com o futuro do país em caso de vitória de Dilma Rousseff. É verdade?
O que eu disse foi outra coisa: que a economia brasileira dispõe de motores fortes. Nesse sentido, eu não sou pessimista. Mas, quanto a riscos de passo atrás na política, na vida institucional, eles estão por todos os lados.
Que riscos seriam esses?
O abuso da máquina pública para propósitos partidários, como se vê escandalosamente na atual campanha. Depois, o fortalecimento de uma tendência corporativa, cimentando a aliança entre fundos de pensão, sindicatos e grandes empresas, com o fim político óbvio.
O sr. também teria dito que o PT não vai fazer 'nenhuma maluquice', como não fez no governo Lula.
Depende do que se entenda por fazer maluquice. O PT tem corroído as instituições públicas por dentro, como cupim. Não pratica atitudes tresloucadas, mas desvirtua as instituições por dentro, como está fazendo, por exemplo, na ANP (Agência Nacional do Petróleo).
O sr. acha mesmo que há no país uma tendência à estatização, e que ela será mantida independentemente de quem vença a eleição?
Não. Eu disse que a matriz estatizante é enraizada no país, em todos os partidos. Mas é óbvio que ela vai se acentuar num eventual governo Dilma, na direção dos sinais visíveis nos dois últimos anos do governo Lula.(Folha de S.Paulo - Renata Lo Prete)
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