DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Carta Capital traz ''O escândalo Serra'', onde o ex-governador é relacionado a maracutaias




Da Carta Capital

Não, não era uma invenção ou uma desculpa esfarrapada. O jornalista Amaury Ribeiro Jr. realmente preparava um livro sobre as falcatruas das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. Neste fim de semana chega às livrarias “A Privataria Tucana”, resultado de 12 anos de trabalho do premiado repórter, que durante a campanha eleitoral do ano passado foi acusado de participar de um grupo cujo objetivo era quebrar o sigilo fiscal e bancário de políticos tucanos. Ribeiro Jr. acabou indiciado pela Polícia Federal e tornou-se involuntariamente personagem da disputa presidencial.

Na edição que chega às bancas nesta sexta-feira 9, CartaCapital traz um relato exclusivo e minucioso do conteúdo do livro de 343 páginas publicado pela Geração Editorial e uma entrevista com autor (reproduzida abaixo). A obra apresenta documentos inéditos de lavagem de dinheiro e pagamento de propina, todos recolhidos em fontes públicas, entre elas os arquivos da CPI do Banestado. José Serra é o personagem central dessa história. Amigos e parentes do ex-governador paulista operaram um complexo sistema de maracutaias financeiras que prosperou no auge do processo de privatização.

Ribeiro Jr. elenca uma série de personagens envolvidas com a “privataria” dos anos 1990, todos ligados a Serra, aí incluídos a filha, Verônica Serra, o genro, Alexandre Bourgeois, e um sócio e marido de uma prima, Gregório Marín Preciado. Mas quem brilha mesmo é o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, o economista Ricardo Sérgio de Oliveira. Ex-tesoureiro de Serra e FHC, Oliveira, ou Mister Big, é o cérebro por trás da complexa engenharia de contas, doleiros e offshores criadas em paraísos fiscais para esconder os recursos desviados da privatização.

O livro traz, por exemplo, documentos nunca antes revelados que provam depósitos de uma empresa de Carlos Jereissati, participante do consórcio que arrematou a Tele Norte Leste, antiga Telemar, hoje OI, na conta de uma companhia de Oliveira nas Ilhas Virgens Britânicas. Também revela que Preciado movimentou 2,5 bilhões de dólares por meio de outra conta do mesmo Oliveira. Segundo o livro, o ex-tesoureiro de Serra tirou ou internou  no Brasil, em seu nome, cerca de 20 milhões de dólares em três anos.

A Decidir.com, sociedade de Verônica Serra e Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, também se valeu do esquema. Outra revelação: a filha do ex-governador acabou indiciada pela Polícia Federal por causa da quebra de sigilo de 60 milhões de brasileiros. Por meio de um contrato da Decidir com o Banco do Brasil, cuja existência foi revelada por CartaCapital em 2010, Verônica teve acesso de forma ilegal a cadastros bancários e fiscais em poder da instituição financeira.

Na entrevista a seguir, Ribeiro Jr. explica como reuniu os documentos para produzir o livro, refaz o caminho das disputas no PSDB e no PT que o colocaram no centro da campanha eleitoral de 2010 e afirma: “Serra sempre teve medo do que seria publicado no livro”.



CartaCapital: Por que você decidiu investigar o processo de privatização no governo Fernando Henrique Cardoso?

Amaury Ribeiro Jr.: Em 2000, quando eu era repórter de O Globo, tomei gosto pelo tema. Antes, minha área da atuação era a de reportagens sobre direitos humanos e crimes da ditadura militar. Mas, no início do século, começaram a estourar os escândalos a envolver Ricardo Sérgio de Oliveira (ex-tesoureiro de campanha do PSDB e ex-diretor do Banco do Brasil). Então, comecei a investigar essa coisa de lavagem de dinheiro. Nunca mais abandonei esse tema. Minha vida profissional passou a ser sinônimo disso.

CC: Quem lhe pediu para investigar o envolvimento de José Serra nesse esquema de lavagem de dinheiro?

ARJ: Quando comecei, não tinha esse foco. Em 2007, depois de ter sido baleado em Brasília, voltei a trabalhar em Belo Horizonte, como repórter do Estado de Minas. Então, me pediram para investigar como Serra estava colocando espiões para bisbilhotar Aécio Neves, que era o governador do estado. Era uma informação que vinha de cima, do governo de Minas. Hoje, sabemos que isso era feito por uma empresa (a Fence, contratada por Serra), conforme eu explico no livro, que traz documentação mostrando que foi usado dinheiro público para isso.

CC: Ficou surpreso com o resultado da investigação?

ARJ: A apuração demonstrou aquilo que todo mundo sempre soube que Serra fazia. Na verdade, são duas coisas que o PSDB sempre fez: investigação dos adversários e esquemas de contrainformação. Isso ficou bem evidenciado em muitas ocasiões, como no caso da Lunus (que derrubou a candidatura de Roseana Sarney, então do PFL, em 2002) e o núcleo de inteligência da Anvisa (montado por Serra no Ministério da Saúde), com os personagens de sempre, Marcelo Itagiba (ex-delegado da PF e ex-deputado federal tucano) à frente. Uma coisa que não está no livro é que esse mesmo pessoal trabalhou na campanha de Fernando Henrique Cardoso, em 1994, mas sob o comando de um jornalista de Brasília, Mino Pedrosa. Era uma turma que tinha também Dadá (Idalísio dos Santos, araponga da Aeronáutica) e Onézimo Souza (ex-delegado da PF).

CC: O que você foi fazer na campanha de Dilma Rousseff, em 2010?

ARJ: Um amigo, o jornalista Luiz Lanzetta, era o responsável pela assessoria de imprensa da campanha da Dilma. Ele me chamou porque estava preocupado com o vazamento geral de informações na casa onde se discutia a estratégia de campanha do PT, no Lago Sul de Brasília. Parecia claro que o pessoal do PSDB havia colocado gente para roubar informações. Mesmo em reuniões onde só estavam duas ou três pessoas, tudo aparecia na mídia no dia seguinte. Era uma situação totalmente complicada.

CC: Você foi chamado para acabar com os vazamentos?

ARJ: Eu fui chamado para dar uma orientação sobre o que fazer, intermediar um contrato com gente capaz de resolver o problema, o que acabou não acontecendo. Eu busquei ajuda com o Dadá, que me trouxe, em seguida, o ex-delegado Onézimo Souza. Não tinha nada de grampear ou investigar a vida de outros candidatos. Esse “núcleo de inteligência” que até Prêmio Esso deu nunca existiu, é uma mentira deliberada. Houve uma única reunião para se discutir o assunto, no restaurante Fritz (na Asa Sul de Brasília), mas logo depois eu percebi que tinha caído numa armadilha.

CC: Mas o que, exatamente, vocês pensavam em fazer com relação aos vazamentos?

ARJ: Havia dentro do grupo de Serra um agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) que tinha se desentendido com Marcelo Itagiba. O nome dele é Luiz Fernando Barcellos, conhecido na comunidade de informações como “agente Jardim”. A gente pensou em usá-lo como infiltrado, dentro do esquema de Serra, para chegar a quem, na campanha de Dilma, estava vazando informações. Mas essa ideia nunca foi posta em prática.

CC: Você é o responsável pela quebra de sigilo de tucanos e da filha de Serra, Verônica, na agência da Receita Federal de Mauá?

ARJ: Aquilo foi uma armação, pagaram para um despachante para me incriminar. Não conheço ninguém em Mauá, nunca estive lá. Aquilo faz parte do conhecido esquema de contrainformação, uma especialidade do PSDB.

CC: E por que o PSDB teria interesse em incriminá-lo?

ARJ: Ficou bem claro durante as eleições passadas que Serra tinha medo de esse meu livro vir à tona. Quando se descobriu o que eu tinha em mãos, uma fonte do PSDB veio me contar que Serra ficou atormentado, começou a tratar mal todo mundo, até jornalistas que o apoiavam. Entrou em pânico. Aí partiram para cima de mim, primeiro com a história de Eduardo Jorge Caldeira (vice-presidente do PSDB), depois, da filha do Serra, o que é uma piada, porque ela já estava incriminada, justamente por crime de quebra de sigilo. Eu acho, inclusive, que Eduardo Jorge estimulou essa coisa porque, no fundo, queria apavorar Serra. Ele nunca perdoou Serra por ter sido colocado de lado na campanha de 2010.

CC: Mas o fato é que José Serra conseguiu que sua matéria não fosse publicada no Estado de Minas.

ARJ: É verdade, a matéria não saiu. Ele ligou para o próprio Aécio para intervir no Estado de Minas e, de quebra, conseguiu um convite para ir à festa de 80 anos do jornal. Nenhuma novidade, porque todo mundo sabe que Serra tem mania de interferir em redações, que é um cara vingativo.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Aprovado relatório de Humberto Costa para a regulamentação da Emenda 29



Foi aprovado, há instantes, com 70 votos contra 1, o texto do líder do PT, Humberto Costa (PE), para o projeto que regulamenta a Emenda 29. O relatório mantém o substitutivo da Câmara dos Deputados ao projeto de lei do Senado 121/2007 – Complementar, que define os valores a serem investidos no setor de saúde.
O substitutivo mantém a fórmula atual, segundo a qual a União deve investir o mesmo montante do ano anterior, acrescido da variação do produto interno bruto (PIB) dos últimos dois anos.
A oposição conseguiu votar em separado o dispositivo que criava a contribuição social para a saúde (CSS). O destaque que criava a CSS foi rejeitado em seguida.

Emenda 29: Humberto apresenta parecer pela aprovação do texto da Câmara dos Deputados



O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), apresentou na tarde desta quarta-feira (7/12) seu parecer pela aprovação do substitutivo da Câmara dos Deputados ao Projeto de Lei que regulamenta a Emenda 29 do PLS 121/07 – Complementar.
O texto aprovado pela Câmara substitui o projeto original do ex-senador e atual governador do Acre, Tião Viana (PT), que prevê a destinação de 10% das receitas correntes da União para o setor da Saúde. Na Câmara, o texto ganhou outra dimensão. Perdeu os 10% previstos pelo projeto do Senado e instituiu que a destinação dos recursos da União para a saúde tomaria por base o orçamento do ano anterior, mais o acréscimo da variação percentual do Produto Interno Bruto (PIB).
Além disso, o substitutivo aprovado pelos deputados acrescenta uma nova regra para o montante de recursos que Estados do Distrito Federal devem destinar ao financiamento do setor: a retirada da base de cálculo dos recursos distribuídos para compor o Fundo de Valorização dos Profissionais de Educação (FUNDEB). Essa nova regra passaria a vigorar pelos cinco exercícios financeiros seguintes ao da aprovação da nova lei complementar.
O relatório de Humberto apenas destaca (propõe a votação em separado para retirar do texto) esse ponto. Ou seja, restabelece a inclusão dos recursos do Fundeb na base de cálculo. Segundo o líder, se for mantido o dispositivo, haverá uma perda de R$ 7 bilhões ao ano no montante de recursos a serem destinados ao financiamento da Saúde Pública no Brasil.

Novo plano de enfrentamento ao crack oferecerá mais cuidado, autoridade e prevenção


O conjunto de ações para o enfrentamento do consumo e tráfico do crack, lançado nesta quarta-feira (7/12) pela presidenta Dilma Rousseff, foi elogiado no Plenário do Senado pelo líder do PT e do Bloco de Apoio ao Governo, Humberto Costa. Para o senador, o governo federal está atuando de forma inteligente em medidas integradas que pensam em todas as frentes de combate e prevenção.
“São medidas que permitirão resgatar vidas e reintegrá-las à sociedade, bem como atacar o tráfico e as organizações criminosas. Para isso, as ações são estruturadas em três eixos: cuidado, autoridade e prevenção”, enfatizou o petista, lembrando que serão investidos R$ 4 bilhões na implementação delas.
Ex-ministro da saúde e médico, Humberto listou algumas das principais ações no eixo de cuidado, que envolve a ampliação e qualificação da rede de atenção à saúde dos usuários. Entre elas está a criação da rede de atendimento Conte com a Gente, com equipamentos de saúde para auxiliar os dependentes e familiares na superação do vício e na reinserção social.
Também serão criadas enfermarias especializadas nos hospitais do SUS para internações nos períodos de crises de abstinência e em casos de intoxicação grave. Além disso, serão abertos 308 consultórios de ruas para as áreas de maior incidência do consumo e criadas unidades de acolhimento.
O senador elogiou também as medidas que foram incluídas no eixo autoridade, as de combate ao tráfico e de segurança nas fronteiras. Ele citou a intensificação das ações de inteligência e de investigação, o reforço dos quadros das polícias Federal e Rodoviária Federal, a implantação do policiamento ostensivo e de proximidade nas áreas de maior uso de drogas. E, por fim, as iniciativas do eixo de prevenção, que são as ações educativas nas escolas, comunidades e na comunicação com a população.
Para o líder, essas medidas representam um grande passo na transformação da triste realidade que hoje afeta toda a sociedade brasileira.

Ministério da Saúde anuncia a implantação de 2.000 academias da saúde. 73 em Pernambuco

Lançada em abril, a estratégia estimula a criação de espaços adequados para a prática de atividades físicas e lazer. Apenas 15% dos adultos são ativos no tempo livre


O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou os municípios que serão contemplados pelo Programa Academia da Saúde, que estimulam a criação de espaços adequados para a prática de atividades físicas e lazer. Em todo o Brasil, foram selecionados 2 mil polos que serão instalados em 1.828 municípios, sendo 73 unidades em Pernambuco. O anúncio foi realizado durante a 11ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi). De acordo com o estudo Vigitel 2010, 16,4% dos brasileiros são sedentários e apenas 15% dos adultos são ativos no tempo livre.

“As Academias da Saúde são mais do que espaços públicos de lazer: trata-se de meios de acesso às práticas corporais pela maioria da população, com impacto direto na qualidade de vida e na saúde das pessoas”, ressalta o ministro. Padilha observa que a construção desses espaços é uma das estratégias do governo federal para a promoção da saúde, prevenção de enfermidades e redução de mortes prematuras por Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) – medidas previstas no Plano de Ações Estratégicas para Enfretamento das DCNT. Lançado em agosto, tem como meta a redução de 2% ao ano das mortes prematuras por essas doenças. O objetivo é alcançar melhorias em indicadores relacionados ao tabagismo, álcool, sedentarismo, à alimentação inadequada e obesidade.

A ação do Ministério da Saúde é baseada no programa Academia das Cidades, criado pelo senador Humberto Costa em 2001, quando este foi secretário da Saúde da Prefeitura do Recife. Trata-se de espaços públicos construídos para a prática de atividade física e culturais.

Sedentarismo e obesidade – De acordo com o estudo Vigitel 2010, 16,4% dos brasileiros são sedentários; ou seja, pessoas que não fazem nenhuma atividade física no tempo livre, nem mesmo nos deslocamentos diários ou em atividades como a limpeza da casa ou outros tipos de trabalho. A pesquisa também mostra que, nos períodos de lazer, 25,8% dos brasileiros passam três ou mais horas em frente à TV, durante cinco ou mais vezes por semana. Além disso, apenas 15% dos adultos são ativos no tempo livre, com maior proporção entre homens (18,5%) na comparação com as mulheres (12%) e existe diferença importante em relaçao a escolaridade, 12% da populaçao com menos escolaridade é ativa e 20% da populaçao com 12 anos ou mai s de escolaridade é ativa, mostrando a importancia de investir em espaços que promovam atividade física para ampliar o acesso da populaçcoa de baixa renda. A Organização Mundial de Saúde recomenda a prática de 30 minutos de atividade física, durante cinco ou mais dias por semana.
Outro indicador preocupante se refere ao sobrepeso e à obesidade. O Vigitel 2010 mostra que 48% dos brasileiros estão acima do peso e, desses, 15% são obesos. “A obesidade é, em geral, consequência de alimentação inadequada e inatividade física, o que pode levar ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes, por exemplo”, alerta Deborah Malta.

Confira a lista de municípios beneficiados em Pernambuco:
- Afrânio
- Agrestina
- Aliança
- Angelim
- Araripina
- Belo Jardim
- Betânia
- Bodocó
- Bom Conselho
- Brejão
- Brejo da Madre de Deus
- Buíque
- Caetés
- Calçado
- Capoeiras
- Carnaíba
- Caruaru (duas)
- Cupira
- Dormentes
- Exu
- Gameleira
- Garanhuns (duas)
- Granito
- Gravatá
- Ibimirim
- Ibirajuba
- Igarassu
- Ilha de Itamaracá
- Ingazeira
- Ipojuca
- Itaíba
- Itapetim
- Jaboatão dos Guararapes (três)
- Jatobá
- Joaquim Nabuco
- Jucati
- Jupi
- Limoeiro
- Manari
- Moreilândia
- Olinda (duas)
- Orobó
- Palmares
- Palmeirina
- Paranatama
- Parnamirim
- Paudalho
- Pedra
- Petrolina (duas)
- Poção
- Quipapá
- Quixaba
- Saloá
- Santa Cruz
- Santa Filomena
- Santa Maria do Cambucá
- São Joaquim do Monte
- São José do Egito
- Serra Talhada
- Solidão
- Tacaratu
- Taquaritinga do Norte
- Terezinha
- Timbaúba
- Vicência
- Vitória de Santo Antão
- Xexéu

Mudança: texto de Humberto Costa sobre Emenda 29 vai ser votado nesta quarta



Ao mesmo tempo em que o Plenário do Senado debatia o novo Código Florestal, intensas negociações entre o governo, a base aliada e os partidos de oposição levaram ao acordo que definiu para esta quarta-feira (7/12) a votação da regulamentação da Emenda 29 (PLS 121/2007), que tem o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), como relator.
O anúncio da votação para esta quarta-feira foi feito ontem à noite pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), após o término da votação do Código. Com a decisão, mais um tema importante da pauta da reta final dos trabalhos de 2011 entra em rota de decisão, como pretende o governo da presidenta Dilma Rousseff.
Em seu relatório, o líder do PT, Humberto Costa, deverá apresentar o formato final de dois projetos – um do Senado, outro da Câmara – que esperam por uma do Congresso há quatro anos. O projeto original foi proposto pelo então senador Tião Viana (PT), hoje governador do Acre, assegurando recursos mínimos (10% das receitas brutas da União) para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde vindos da própria União, dos estados e dos municípios. Naquela época, o Governo Federal contava com os recursos da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras), que foi extinta logo em seguida pelo mesmo Senado. Enviado para a Câmara, a chamada Emenda 29 foi praticamente reescrita pelos deputados. Na Câmara, o texto foi emendado, tendo como uma das alterações estruturais a retirada dos recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) da base de cálculo para definição do percentual mínimo para a área de saúde. O líder Humberto Costa já antecipou que pretende modificar essa base de cálculo.
Com a votação de hoje, deve amenizar também a queda de braço entre a base aliada e a oposição dos últimos dias – e liberar a pauta para a votação da prorrogação da DRU (Desvinculação dos Recursos da União). O exame dessas duas matérias provocou seguidos embates nesta semana, uma vez que, para a base aliada, interessa a rápida aprovação da DRU, enquanto a oposição pressiona pela urgência na regulamentação da Emenda 29.
Na avaliação do líder Humberto Costa (PE), relator da matéria , a base do governo deve conseguir o número necessários de votos para rejeitar a proposta original com percentual de 10% e aprovar a proposta aprovada na Câmara dos Deputados, que mantém a regra atual para a União. Por essa regra, em vez dos 10% da receita corrente bruta, o governo federal deve aplica o valor empenhado no ano anterior acrescido da variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) nos dois anos anteriores.

“Fiat em Pernambuco transforma em realidade o sonho de muitas pessoas”, diz Humberto Costa



O senador Humberto Costa (PT-PE) destacou nesta terça-feira (6/12), no Plenário do Senado, as iniciativas do governo de Pernambuco implementadas em parceria com o Governo Federal. Uma delas é a instalação do polo automotivo de Goiana, município na Zona da Mata Norte do Estado, que já resultou na contratação dos primeiros trabalhadores.

De acordo com o senador, tiveram início esta semana e vão até o dia 15 de dezembro as inscrições para o programa de capacitação e aproveitamento de mão de obra de Pernambuco. O polo automotivo receberá fabrica da Fiat, cuja construção deverá contar com 7 mil trabalhadores, informou o senador.
Humberto Costa disse ter contribuído para o empreendimento ao relatar a medida provisória que prorrogou até 2020 o regime especial tributário para a indústria automotiva nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
O senador também citou a conclusão da última etapa do sistema Pirapama de abastecimento de água que “deve por fim ao racionamento na Região Metropolitana do Recife”.
No mesmo pronunciamento, Humberto Costa prestou solidariedade aos familiares das vítimas do acidente que matou, na Bahia, 13 cortadores de cana pernambucanos.

Fonte: Agência Senado.

Aprovado no Senado o texto-base do novo Código Florestal



O Plenário aprovou nesta terça-feira em primeiro turno, com 59 votos a favor e 7 contrários, o texto-base do novo Código Florestal (PLC 30/2011), substitutivo de autoria dos senadores Luiz Henrique (PMDB-SC) e Jorge Viana (PT-AC) para o texto do então deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), hoje ministro do Esporte. A votação se deu logo após os discursos dos relatores. Jorge Viana pediu a rejeição de todas as emendas, sendo que prometeu anunciar, na votação em segundo turno, as emendas de Plenário que deve acolher.
O texto estabelece disposições transitórias – para contemplar as chamadas áreas com atividades consolidadas, com agrossilvopastoris desenvolvidas em Áreas de Preservação Permanente (APPs) – e disposições permanentes, com critérios a serem seguidos a partir da data de 22 de julho de 2008, data da publicação do Decreto 6.514/2008, que define penas previstas na Lei de Crimes Ambientais. A mesma data é o marco temporal para a isenção de propriedades rurais de até quatro módulos.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) pediu verificação de quórum, com apoio dos senadores Marinor Brito (PSOL-PA), Lindbergh Farias (PT-RJ), Paulo Davim (PV-RN) e Cristovam Buarque (PDT-DF).Randolfe voltou a se manifestar contra o texto e defendeu a agricultura familiar e a preservação ambiental. Marinor Brito também encaminhou contrariamente ao projeto, “em nome de todos os que tombaram em defesa das florestas”.
Os demais líderes partidários – entre eles a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) e os senadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Gim Argello (PTB-DF), Wellington Dias (PT-PI), Ana Amélia (PP-RS), José Agripino (DEM-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL) – encaminharam favoravelmente ao substitutivo, elogiando o teor do relatório, que consideraram equilibrado. Também se manifestaram pelo texto e em defesa dos produtores rurais os senadores Waldemir Moka (PMDB-MS), Demóstenes Torres (DEM-GO), Inácio Arruda (PCdoB-CE), Ivo Cassol (PP-RO) e Acir Gurgacz (PDT-RO).
As emendas dos senadores serão votadas em bloco pelo Plenário. Algumas delas, por acordo de líderes, serão votadas separadamente.

Fonte: Agência Senado.

Retirada a urgência para votação da Emenda 29 no Senado



Os senadores decidiram na tarde desta terça-feira (6/12) inverter a ordem de votação das matérias em plenário. Sem acordo que garantisse a votação da Emenda 29, a base governista apresentou requerimento para retirar a urgência para apreciação do projeto. Com isso, o plenário passou a deliberar sobre o Código Florestal.
O pedido de inversão motivou uma áspera discussão entre o presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP), e o líder do DEM, Demóstenes Torres (GO). O democrata acusou Sarney de “de maneira torpe” atropelar o regimento, já que, segundo ele, o processo de votação já havia sido iniciado e, portanto, o requerimento para retirar a urgência já não poderia mais ter sido apresentado. Irritando, Sarney contra-argumentou com outros artigos regimentais e a sessão prosseguiu.
A votação da regulamentação da Emenda 29 tornou-se um problema para o Governo Federal porque a oposição ameaçava resgatar o texto original de autoria do ex-senador e atual governador Tião Viana (PT-AC). O texto exigiria que a União aumentasse seus investimentos na área de Saúde para 10% de sua receita bruta, o que é considerado hoje inviável pela equipe econômica.
O problema é que, quando a proposta de Viana foi apresentada, a CPMF estava em plena vigência, o que garantia um adicional de receitas ao Governo que hoje não existe. Aprovar o texto dessa forma seria, como definiu o líder do PT, Humberto Costa (PE), “descobrir um santo para cobrir outro”. Ele explicou que, com o agravamento diário da crise econômica global, o Governo teve receio de comprometer 10% dos recursos do Orçamento, como consta no projeto aprovado pelo Senado, mas modificado pela Câmara dos Deputados. “O Governo não tem como garantir R$ 35 bilhões a uma área específica, nesse momento”, explicou o líder.
Para aprofundar o debate sobre a questão do financiamento para a Saúde, Humberto Costa propõe a formação de uma comissão especial de parlamentares para, em sessenta dias, propor outras possíveis fontes de financiamento.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), já antecipava que trabalharia para evitar o atrelamento na votação da regulamentação da Emenda 29 com a proposta que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2015 – dispositivo que permite ao governo gastar mais livremente 20% dos recursos provenientes de contribuições sociais. A votação da matéria segue prevista para esta quinta-feira (8/12).

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Nunca houve um ídolo como Sócrates


Bons jogadores surgem todos os anos. Só alguns viram ídolos. Desde o começo dos anos 90, quando fomos picados pela praga do futebol, vimos nascer muitos craques (e muitos tantos se perderem).
Na ordem: Raí (irmão de Sócrates), Edmundo, Rivaldo, Edílson, Ronadinho (hoje Ronaldo), Amoroso, Marcelinho Carioca, Giovani, Rogério Ceni, Luis Fabiano, Alex, Ronaldinho (o Gaúcho), Kaká, Robinho, Adriano, Fred, Kleber, Ganso e, agora, Neymar.

"É um azar, pior para o futebol”, disse Sócrates após a derrota da seleção brasileira para a Itália na Copa do Mundo de 1982. Foto: 
Jorge Duran/AFP

Desses, alguns já deixaram de jogar, e poucos, a muito custo (e com o devido distanciamento temporal), ainda podem ser chamados de craques.
Entre todos eles, e tantos que não dá nem para citar, poucos podemos dizer que são, de fato, especiais, revolucionários, exemplares. Engajados, então…
Mesmo com o selo de embaixadores de entidades como a Unicef ou órgãos representativos (como a CBF…) ao longo ou ao fim da carreira, nenhum desses jogadores teve leitura melhor de seu esporte, de seu tempo e de seu País do que Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, morto na madrugada deste domingo 4.
Sócrates, mais único do que é raro
O mundo chora a morte de Sócrates
2014 verde
Dilma e Lula destacam empenho social de Sócrates


Não, não vimos Doutor Sócrates em campo. Nós, que ainda não chegamos aos 30, dele sabemos apenas dos melhores momentos, pela tevê, de uma Copa que se acabava quando mal tínhamos nascido – e que foi a prova de que não é preciso ser campeão para ser inesquecível. Uma seleção em que Sócrates era maestro e referência.
Fora de campo, nenhum ex-jogador foi tão presente como ele. Pelé virou garoto-propaganda (poucas vezes o vimos falar algo que não fosse ensaiado, escrito anteriormente para campanhas para a educação ou disfunção sexual); Garrincha morreu novo, sem deixar grandes reflexões sobre seu ofício; Rivelino e Falcão, ambos acima da média, viraram comentaristas (um já se arriscou como dirigente e outro, como treinador).

Zico virou boa-gente, daqueles que se pode ficar a tarde toda falando sobre o mundo da bola, o Rio, o Japão, os bastidores da Copa, a relação com a torcida. É diferenciado.

E Romário começa a mudar paradigmas, com uma atuação implacável como deputado federal eleito pelo Rio.

Sócrates Brasileiro - 1954 - 2011. Foto: U. Dettmar/ABr

E paramos aqui. Quem não sumiu (ou se omitiu), anda por aí fazendo o elogio da ignorância no papel de arrivista de primeira linha – daqueles que se infiltram entre os boleiros para desfilar preconceitos ao vivo na tevê. Um certo ex-meio-campo que virou comentarista é talvez o maior exemplo deles, uma espécie de porta-voz de atletas mimados, pipoqueiros, vazios e malcriados.
Mas Sócrates era outra coisa. Ninguém tinha tanto a falar sobre o mundo em que viveu e o mundo que deixaria como herança – um mundo um pouco melhor do que o seu, mais aberto, mais democrático. Tão democrático que, quando soube que precisaria de um transplante de fígado para se curar, lembrou, a quem quisesse ouvir, que era um cidadão como qualquer outro. E que, portanto, deveria esperar sua vez, na fila para doação, como qualquer brasileiro – sem privilégios, lobbies, choros ou vela..
Sócrates chamava a atenção desde as categorias de base de seu Botafogo, de Ribeirão Preto. Destacava-se dentro das quatro linhas, e chamava a atenção dos repórteres que o viam em alguma preliminar dos juniores. Quando alguém demonstrava admiração pelo seu futebol, os repórteres da região que já o conheciam avisavam: “E olhe que ele não tem tanto tempo para treinar. É estudante de medicina”.
As condições sociais, as pressões, os compromissos dentro e fora de campo tornam quase uma covardia dizer que, como Sócrates, todos deveriam ter as mesmas referências, os mesmos estudos, a mesma base, a mesma formação.

Ele fez a escolha pela bola, e a maioria, não.

É fato que poucos corintianos seriam capazes de deixá-lo fora de uma seleção dos melhores jogadores de todos os tempos. Mas, diferentemente da maioria, a bola para ele nunca foi uma ponte apenas para o sucesso, a fama, a idolatria.
A bola, para Sócrates, foi uma espécie de palanque que lhe permitiu compartilhar ideias, críticas, indignação verdadeira com o estado das coisas. Que o diga sua última coluna em CartaCapital, sobre os impactos, sociais e ambientais, que a Copa do Mundo de 2014 trará para as cidades-sede.

Sócrates, ao lado do presidente Lula, durante partida entre políticos e ex-jogadores na Granja do Torto, em Brasília, em 2005. Foto: U. Dettmar/ABr

Quem se não ele? Dotado de uma inteligência que, no meio-campo, permitia ver espaços e jogadas que ninguém mais via, com a rapidez que só os gênios da bola dominam, Sócrates era também um visionário das brechas de seu tempo, de sua história. Uma história da qual sempre foi sujeito ativo. Coragem para isso não lhe faltou.
E é essa imagem que levamos dele. Brilhar pode não ser fácil. Mesmo assim, muitos brilharam, muitos driblaram, muitos marcaram gols antológicos e correram para a torcida.
Ao fim do jogo, o que disseram para toda essa gente de pé, que aplaude e vaia (e ouve)? Que espetem seus cabelos à moicano? Que usem faixas na testa? Que comprem o maior número de carros importados para apagar qualquer resquício das origens humildes?
Ou que rasguem bandeiras, pensem e lutem por um mundo melhor, menos desigual, mais humano? E dialoguem de igual para igual com cartolas (muitos ainda são déspotas, esclarecidos ou não), jornalistas, poder público?
De Sócrates não haverá grande jogada, gol ou vibração que se compare com a sua postura, coerência, engajamento e inteligência fora de campo.

O mundo seria melhor se houvesse dois Sócrates a cada século.

Acidente com 8 Ferraris causa prejuízo de 1 mi de dólares

Clube de fãs de carros de luxo percorria estrada em alta velocidade no Japão

Ferraris danificadas num acidente entre vários carros de luxo na rodovia Chugoku, na região de Yamaguchi, oeste do Japão
Ferraris danificadas num acidente entre vários carros de luxo na rodovia Chugoku, na região de Yamaguchi, oeste do Japão (Yomiuri Shimbun/AFP)
 
A polícia japonesa investiga um acidente de trânsito ocorrido no oeste do país no domingo. Ninguém morreu, e os motoristas envolvidos sofreram apenas ferimentos leves. A maior dor de cabeça provocada pela batida é o prejuízo financeiro aos donos dos carros. O acidente pode ter sido o mais custoso da história - afinal, envolveu 14 carros de luxo, entre eles oito Ferraris, um Lamborghini e três Mercedes. Acredita-se que a conta total dos estragos provocados pelas batidas chegará a 1 milhão de dólares. Entre os carros acidentados estavam duas Ferraris F430, duas Ferraris F355, duas Ferraris 360 Modena e um Lamborghini Diablo.

De acordo com a rede japonesa NHK, o acidente aconteceu no domingo, em uma estrada na província ocidental de Yamaguchi, quando o primeiro de um grupo de 20 veículos de luxo que viajavam em comboio sofreu um acidente. Os motoristas que vinham atrás tentaram desviar, sem sucesso, e os carros acabaram engavetados. Os motoristas, que formam um clube de fãs de carros de luxo, viajavam de Kyushu até a cidade de Hiroshima. O acidente, que teria sido causado por excesso de velocidade, obrigou o fechamento da estrada durante seis horas. Além dos vários carros de luxo envolvidos, um modesto Prius também foi destruído.

Profissão prefeito

Administrador do município de Paulista, em Pernambuco, Yves Ribeiro está no sexto mandato, o quinto consecutivo. Em 2012, completa 20 anos no cargo graças à prática de concorrer à prefeitura por diferentes cidades da mesma região metropolitana


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ESCOLADO
"Cursei meu ensino básico em Itapissuma; o
fundamental, em Igarassu; e o superior, em Paulista"
, diz Yves

Ao participar de um seminário em Portugal, este ano, o prefeito da cidade pernambucana de Paulista, Yves Ribeiro de Albuquerque (PSB), se surpreendeu com um questionamento realizado por parte do público: “Como você está há tanto tempo no mesmo cargo?” A indagação daqueles lusitanos, encarada por ele com estranhamento, parece bem procedente em terras tupiniquins. Ex-pescador e operário, Yves Ribeiro, 63 anos, ocupa uma posição de causar inveja a muitos oligarcas. Está no sexto mandato como prefeito, o quinto consecutivo. Foram três cidades situadas no mesmo Estado e na mesma região metropolitana. Em Itapissuma, venceu os pleitos em 1983 e 1992. Como ainda não havia reeleição, migrou para a vizinha Igarassu, que comandou entre 1997 e 2004. Depois, passou a administrar, em 2005, Paulista, onde exerce seu segundo mandato. “Tem uns quatro ou cinco municípios da região do litoral norte de Pernambuco em que eu ganharia as eleições”, diz, prestes a completar 20 anos no poder.
Apesar de repudiar o título, Yves Ribeiro figura como expoente dos chamados “prefeitos itinerantes” ou “profissionais”. Homens públicos que, com o intuito de se preservar no cargo de gestor municipal, recorrem às urnas vizinhas. “Sempre fui envolvido com as cidades que governei”, alega. Para justificar ainda mais o seu feito, o administrador de Paulista menciona uma passagem da Carta Magna: “Todo o poder emana do povo.” Embora não existam dados oficiais sobre o número de “prefeitos itinerantes” no País, levantamento de ISTOÉ detectou a existência desse expediente em quase todos os Estados brasileiros e até em grandes cidades. O atual administrador da capital catarinense, Dário Berger (PMDB), por exemplo, foi eleito e reeleito em São José e, ao final de seu segundo mandato, em 2003, mudou o domicílio eleitoral para Florianópolis, onde conquistou os pleitos de 2004 e 2008.
A prática, na opinião do advogado Fernando Molino, do Instituto de Direito Político e Eleitoral, apesar de ser legal, consiste em uma maneira de burlar a Constituição, que permite apenas uma reeleição em cargos executivos. “Isso deve ser corrigido. Prejudica a vida política e administrativa dos municípios”, opina o cientista político Octaciano Nogueira, professor da Universidade de Brasília (UnB). Yves Ribeiro discorda: “Qual empresa vê um bom gerente e não quer contratar? Com os eleitores acontece o mesmo”, explica.
Se depender do Congresso, porém, a caminhada dos prefeitos itinerantes pode estar com os dias contados. Já foi aprovado no Senado e tramita na Câmara um projeto de lei que veda a prática. Um dos autores da proposta é o presidente do Senado, por dois mandatos consecutivos, José Sarney, que já governou o Maranhão e agora ocupa o cargo de senador pelo Amapá. A mudança, porém, ainda que sancionada, não afetará a vida do pernambucano Yves Ribeiro. Mesmo dizendo ter em mãos uma pesquisa em que lidera as eleições numa quarta cidade da região, o socialista resolveu abandonar a sanha por prefeituras. “Estou cansado. Já fiz muita coisa”, diz. “Na escola da política, cursei meu ensino básico em Itapissuma; o fundamental, em Igarassu; e o superior, em Paulista”, brinca ele. Formado com louvor na matéria da esperteza política, Yves Ribeiro pretende se eleger deputado estadual em 2014. 
 
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Brasileiros do ano 2011 - Segundo revista Isto é

Há um verbo que define a trajetória dos cinco brasileiros homenageados por ISTOÉ em 2011: lutar



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Há um verbo que define a trajetória dos cinco brasileiros homenageados por ISTOÉ em 2011: lutar. Cada qual com sua habilidade particular empunha a bandeira da construção de um Brasil melhor. Dilma Rousseff, a guerreira que enfrentou a ditadura em nome dos valores democráticos, chega ao fim do primeiro ano de mandato à frente da Presidência do Brasil reconhecida como uma das pessoas mais influentes do mundo. Do lado de lá de nossas fronteiras, ela conduziu o País a um patamar superior. Foi a primeira mulher a abrir uma conferência da ONU, e, sob seu comando, o Brasil participa das reuniões que decidem os destinos do planeta como o convidado que entra pisando o tapete vermelho: tem o que dizer e é ouvido. Do lado de cá das fronteiras, a presidenta impôs sua própria marca de governo, intransigente na defesa dos recursos públicos e na busca de uma política que assegure crescimento com distribuição de renda. Não é pouca coisa para um governo que está apenas começando.
Entrando no último ano de sua gestão à frente da Prefeitura de São Paulo, Gilberto Kassab protagonizou o grande fato político do ano. Idealizou e articulou a criação do PSD, um partido que já nasce como a terceira maior força na Câmara Federal e que será importante peça no xadrez da sucessão municipal do ano que vem, quando será travada uma nova batalha nas urnas. Batalha mais literal é a de José Mariano Beltrame, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), ele combate o crime organizado e leva a presença do Estado aos morros cariocas, devolvendo, assim, a cidadania a milhares de famílias. Lutar também tem significado literal para Anderson Silva, o garoto que precisou ser criado pelos tios em Curitiba para driblar as carências da família. Cruzou os limites do Paraná e praticando seu esporte com arte e precisão se tornou ídolo de americanos e europeus. Invicto nos confrontos de vale-tudo desde 2006, é o maior responsável pela popularização do UFC no Brasil.
E, para entender e explicar a luta de um país com diversidade cultural tão marcante e ímpar como a representada pelos brasileiros acima relacionados, nada como recorrer à sabedoria do professor Antonio Candido, um dos mais respeitados intelectuais do Brasil, guerreiro da boa literatura e cuja obra recentemente reeditada se faz cada vez mais atual e indispensável para quem pretende conhecer esse país que se refaz e se supera a cada ano.

Dilma Rousseff - Brasileira do Ano 2011

No primeiro ano de mandato, a presidente Dilma mostrou pulso firme, manteve o país na rota do crescimento da era Lula e foi destaque na cena internacional 



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Suceder ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o mais carismático e popular da história do Brasil, era, sem dúvida, um grande desafio. Mas a primeira mulher a governar o País não costuma recuar diante de obstáculos. Ao contrário, o que mais emociona a presidenta Dilma Rousseff são exemplos de superação diante das dificuldades da vida. E, neste primeiro ano de mandato, ela deu prova de sua determinação. Comandou um agudo corte orçamentário, mas sem descuidar do crescimento e da geração de empregos. Sob a batuta de Dilma, o Brasil foi uma das poucas economias a crescer em meio a uma gravíssima crise internacional. Em poucos meses, Dilma mostrou seu estilo firme de administrar e bateu o recorde de aprovação da opinião pública em início de governo, deixando para trás o próprio Lula. Em suas viagens ao Exterior, ela também conquistou projeção imediata. “O Brasil hoje se encontra numa situação única. Somos respeitados, sobretudo, porque o mundo percebe a força de ter 190 milhões de habitantes, num regime democrático, capitalista, cumpridor dos contratos e com um imenso viés social”, festejou a presidenta Dilma Rousseff ao receber ISTOÉ em seu gabinete no Palácio do Planalto.
O Brasil, de fato, é a bola da vez na cena internacional. Mas Dilma Rousseff impôs sua presença com uma rapidez impressionante. Primeira mulher a abrir a Assembleia-Geral da ONU, a presidenta da República hoje é considerada a terceira estadista mais poderosa do mundo, em ranking da revista “Forbes”. Tem à frente apenas a chanceler alemã, Angela Merkel, e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton. A tradicional revista “The New Yorker” chamou-a de “A Ungida” e afirmou que Dilma “está conduzindo o País num boom econômico”, dando lições de boa governança até mesmo ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Num misto de modéstia e gratidão, a presidenta diz que deve ao ex-presidente Lula a acolhida generosa por seus pares nos fóruns multilaterais. Ela cita como exemplo o que aconteceu durante a reunião do G-20, nos dias 3 e 4 de novembro em Cannes, na França, quando os presidentes das 20 maiores economias discutiram a crise global. Dilma contou à ISTOÉ que, assim que tomaram conhecimento de que Lula havia sido internado para se tratar de um câncer na laringe, todos os estadistas fizeram questão de manifestar solidariedade.

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PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA
A presidenta Dilma foi reverenciada por líderes mundiais ao ser
a primeira mulher a abrir a reunião da Assembleia-Geral da ONU

Mas um gesto chamou em especial a atenção da presidenta. Conhecido por sua feição sempre compenetrada – há quem diga que ele poderia ver uma bomba atômica explodir sem piscar os olhos –, o presidente da China, Hu Jintao, aproximou-se de Dilma e disse ao pé do ouvido: “Quero lhe pedir para manifestar ao presidente Lula meus votos de recuperação. Não me dirijo ao líder latino-americano nem ao ex-presidente do Brasil, e, sim, ao meu amigo Lula.” Ao destacar o episódio, a presidenta conta às gargalhadas como se deu a aproximação de Lula e Hu Jintao. Então ministra da Casa Civil, ela foi à Coreia na comitiva presidencial. “Num corredor, Lula avistou o presidente chinês e gritou: Hu Jintao! Pegou na bochecha dele e disse que estava com saudades. Falava em português, como se o Hu Jintao estivesse entendendo tudo. Daquele jeito que só Lula tem, abraçou-o e saiu andando com ele”, lembra. A conclusão de Dilma é de que herdou as relações afetivas que só o ex-presidente é capaz de construir. É natural, portanto, que ela tenha sofrido um choque com a doença de seu dileto amigo. “Nos falamos quase diariamente. Ele está bem”, torce a presidenta.

A boa notícia do ano, na visão da presidenta da República, foi o desempenho da economia. Dilma soube antever que os problemas externos, mais cedo ou mais tarde, iriam bater à porta e decidiu conduzir a política econômica com todo rigor. Em dezembro as previsões indicam que a Europa e os Estados Unidos estão à beira da recessão. Mas para o Brasil as expectativas são otimistas. A economia deve crescer 3,4% neste ano e 3,2% em 2012. A taxa de desemprego caiu para 5,8%, o menor índice para o mês de outubro desde 2002, e o número de trabalhadores com carteira assinada subiu 7,4%. “Foi um ano muito bem-sucedido”, comemora a presidenta.
 
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EM DESTAQUE
Foto oficial de Dilma passou a compor, este ano, a
galeria e presidentes da República do Palácio do Planalto

No governo Dilma, voltou a reinar a paz entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central. Alexandre Tombini, no BC, e Guido Mantega, na Fazenda, conduzem a economia em total sintonia. Para evitar conflitos, ninguém mais no governo fala sobre economia. Só Mantega e Tombini estão autorizados a dar declarações e fazer análises de conjuntura. Nesse clima amistoso, o Planalto pôs em prática o antigo desejo de reduzir os juros para ampliar a taxa de investimento interno e baratear o crédito. O primeiro corte de juros veio em 1o de setembro e, como era de esperar, provocou uma reação histérica do mercado financeiro. Alguns analistas atribuíram a decisão do Copom à intervenção do Planalto na política monetária e previram o pior para o País. A presidenta Dilma, entretanto, reafirmou a autonomia do BC e, hoje, faz um brinde ao acerto da decisão. “O Banco Central provou que consegue manter a estabilidade da economia. Persegue com sucesso todas as condições de solidez macroeconômica para podermos crescer”, diz ela.

Convicta de que o País vai continuar a nadar contra a maré internacional, a presidenta concentra seu foco na área social. Ela destaca o lançamento de projetos estratégicos para a correção de desigualdades históricas. O Bolsa Família, com peso cada vez maior nas crianças, é um dos pilares do programa Brasil sem Miséria. Atualmente, dos 16,2 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza, 40% são menores de 14 anos. “Minha obsessão é garantir a essas crianças e a esses adolescentes o acesso a uma boa alimentação e às políticas de educação e saúde”, afirma a presidenta. O Água para Todos, lançado em julho, faz parte dessa preocupação. Na Saúde, a presidenta dá ênfase à distribuição gratuita de remédios para diabetes e hipertensão. Desde fevereiro, mais de 6,5 milhões de medicamentos foram distribuídos. “Isso mostra como tinha gente que precisava de remédio sem conseguir”, constata. A presidenta diz que essas são as duas doenças que mais matam no Brasil. E faz referência especial aos programas SOS Emergência, Saúde em Casa e Melhor em Casa, que têm como meta enfrentar a superlotação nos prontos-socorros e a falta de leitos nos hospitais.
 
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A CRIATURA E O CRIADOR
Lula e Dilma usam cocar indígena durante inauguração de ponte sobre o rio Negro, em Manaus

Dilma Rousseff também considera importantíssimo o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Para ela, “trata-se da maior reforma da educação profissional já feita no Brasil”. Até 2014, o governo federal vai criar oito milhões de vagas na capacitação de jovens e adultos. Em outra frente, o Ciência sem Fronteiras pretende distribuir 100 mil bolsas de estudo no Exterior a universitários brasileiros. “Queremos colocar gente no Exterior fazendo bolsa sanduíche na graduação e no doutorado. O desafio para mudar o País está na ciência e tecnologia e passa pela educação”, avalia. O Brasil, a seu ver, tem que entrar em outro patamar: “A indústria automobilística não pode só importar carros prontos. Não somos tupiniquins. Isso vale também para as sondas da Petrobras.”

Em contraste com os avanços na área social e o êxito econômico, a cena política foi marcada por sobressaltos. Desde a demissão do ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, em 7 de junho, o País assistiu à queda de praticamente um ministro por mês. Assessores da presidenta, porém, argumentam que a política e as relações com o Congresso são tradicionalmente um terreno movediço. “Essa área nunca é fácil”, afirma uma fonte do Planalto. E garante que a presidenta Dilma tratou as demissões de seus ministros como “ossos do ofício”, preocupada, acima de tudo, em não paralisar seu governo. Embora discuta a reforma ministerial da forma mais reservada possível, com consultas indiretas aos interlocutores, Dilma fará uma troca de cadeiras no início do ano.
 
APESAR DO CORTE ORÇAMENTÁRIO, OBRAS PARA A COPA
DE 2014 OBEDECERAM AO CRONOGRAMA IMPOSTO POR DILMA
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DE OLHO NA COPA
Ao lado de Pelé, Dilma vistoriou as obras da reforma do estádio do Mineirão, em Belo Horizonte

Para além das preocupações e da pesada rotina do cargo, recomenda-se a quem quiser ter uma conversa mais descontraída com a presidenta Dilma que se informe sobre o mundo das artes plásticas. A presidenta é apaixonada por pintura, especialmente pelo acervo do museu Jacquemart-André, no boulevard Haussmann, em Paris. Ali estão, por exemplo, quadros da pintora clássica francesa Elisabeth Vigée-Le Brun, uma das preferidas de Dilma. A presidenta gosta muito de um retrato que Le Brun pintou de Maria Antonieta, a rainha que foi decapitada na Revolução Francesa. A presidenta também elogia a coleção de autorretratos da Galeria Uffizi, em Florença. Ao passar por Paris, na volta da reunião do G-20, em Cannes, Dilma “morreu de vontade” de visitar o Centro Georges Pompidou para ver a exposição do norueguês Edvard Munch, pioneiro do movimento expressionista. Mas a logística de segurança não permitiu, pois a presidenta é sempre acompanhada por um batalhão de fotógrafos. Após as eleições em 2010, ela foi a Paris e revisitou o museu Jacquemart-André. “Todos entraram atrás de mim. A gerente me perguntou se eu estava acompanhada. Disse que não. Mesmo assim, ela pediu que eu me retirasse. Saí com muita vergonha”, confessa.

A paixão pela arte não impediu que a presidenta tornasse pública a rejeição ao ambiente frio do Palácio da Alvorada, obra do arquiteto Oscar Niemeyer. Ela explica que não tem nada contra o Palácio, mas ressalta que não foi feito para morar. Considera a biblioteca maravilhosa, porém sente falta de uma cozinha pequena, pelo menos para esquentar água. A cozinha do palácio fica na extremidade oposta ao quarto da presidenta. Apesar dos senões, a presidenta afirma que “o Alvorada é de dar orgulho aos brasileiros e é adequado a um país como o Brasil”. É um monumento que não deixa a desejar, segundo ela. “Você vê o espanto na cara das pessoas”, diz, e lembra que o presidente Obama ficou embasbacado ao visitá-lo. As filhas de Obama diziam: “Pai, é o palácio mais bonito que conhecemos.”
 
CUMPRINDO UMA PROMESSA DE CAMPANHA, DILMA ANUNCIOU
A AMPLIAÇÃO DOS PROGRAMAS MINHA CASA MINHA VIDA E PAC 2
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FOCO NO SOCIAL
A presidenta lançou, em junho, a segunda fase do principal programa habitacional do governo
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NOVO FÔLEGO
Construção do navio Celso Furtado marcou a retomada da indústria naval

No plano administrativo, Dilma Rousseff se emocionou com a criação da Comissão da Verdade, que vai apurar os crimes da ditadura militar, e a sanção da lei de Acesso às Informações Públicas, que prevê o sigilo máximo de 50 anos para documentos oficiais. A presidenta também foi às lágrimas em outros eventos: no lançamento do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência e ao receber em audiência atletas dos Jogos Parapan-Americanos. Ela admite que exemplos de superação mexem com seu coração. “Fiquei impressionada com aquele menino (o nadador Daniel Dias) com 11 medalhas. Ele me disse que transformou o defeito em vantagem”, conta. Dilma diz que “viver é perigoso”, citando Guimarães Rosa, mas acrescenta que vencer obstáculos é mais difícil ainda para quem tem restrição física.
Na verdade, superação de dificuldades é um traço marcante da vida de Dilma Rousseff, que completa 64 anos no dia 14 de dezembro. Filha de um imigrante búlgaro, ela participou da luta armada, foi presa, torturada e sobreviveu aos carrascos por milagre. Conseguiu reconstruir sua vida e, hoje, é presidenta da República. O que espera para o futuro? Dilma bate três vezes no tampo da mesa, três vezes na parte de baixo e responde: “Lula me deixou um legado e eu vou passá-lo para a frente. Estamos construindo tudo para esse País crescer de forma segura e sustentável.”  
 
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