DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Confronto Dilma-Serra num morno cara a cara


Burocrático e sem emoção. Assim pode ser definido o primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República, promovido na noite desta quinta-feira (5) pela TV Bandeirantes. Os quatro participantes – Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio Sampaio (PSOL) – se preocuparam mais com a apresentação de suas propostas que com provocações aos adversários, tornando o clima excessivamente cordial e propositivo, diferente de confrontos assistidos pelo telespectador em eleições passadas.

Aberto pela Orquestra Filarmônica Bachiana do Sesc, regida pelo maestro João Carlos Martins, o debate foi mediado pelo jornalista Ricardo Boechat. A Band anunciou ter recebido 212 pedidos de acesso de jornalistas do Brasil e do exterior, inclusive 14 emissoras de TV e dez agências de notícias estrangeiras.

No primeiro bloco, a partir de pergunta da Band sobre qual proposta daria prioridade entre educação saúde e segurança pública, os candidatos praticamente defenderam as mesmas ideias ao considerar que, todos os temas, são importantes e necessitam de projetos específicos. Plínio disse que os três são importantes para “o povo viver em igualdade”.

Marina disse que não se pode separar educação, saúde e segurança, mas que, eleita, escolheria a saúde como prioridade. “Não dá mais para esperar porque milhões de brasileiros levam meses para marcar um exame, uma consulta, e eu conheço bem isso no Acre, vi a falta de atenção e é preciso melhorar os serviços”.

Serra comparou as três a órgãos do corpo humano, mas cobrou que o governo federal tenha mais envolvimento com a segurança. “Para isso, vou criar o Ministério da Segurança e, na saúde, vamos acelerar o tempo de espera das consultas fazendo mais de 150 centros de saúde no País”.

Dilma se comprometeu em continuar o que o governo Lula faz nas três áreas. “Mas vamos dar prioridade à qualidade do ensino, pagando bem o professor e dando-lhe melhor formação, com pós-graduação”.

No segundo bloco, houve três momentos de confronto. Novamente Dilma e Serra se batendo na política para crianças excepcionais, com o tucano criticando o Ministério da Educação de ter “cortado” recursos para transporte e cursos dados pelas entidades ligadas ao setor. Depois houve uma troca de cortesias entre Marina e Dilma, quando a verde perguntou a petista o que fará pela educação, em troca Dilma levantou a bola pedindo a Marina que explicasse como pretende combater o crack.

No terceiro bloco, Marina pediu a Plínio que explicasse sua proposta social para o País. O candidato do PSOL disse que pretende fazer uma “distribuição radical de renda, do capital e do lucro com a sociedade” e acusou os governos FHC e Lula de permitir a concentração de renda. Quanto a verde rebateu que as políticas sociais evoluíram, Plínio reagiu. “Ouvindo Marina parece que ela ainda está no PT, defendendo a política de Dilma”.

Ainda nesse bloco, Dilma e Serra retomaram a polarização com o tucano acusando o governo Lula de “encolhido” os mutirões de saúde criado por ele quando ministro da Saúde. Dilma disse que eram medidas emergenciais, e “não políticas de saúde”, fazendo elogios ao SAMU e prometeu tornar o SUS “robusto”.

No quarto bloco, jornalistas da Band questionaram os candidatos e seus adversários comentavam a resposta. Joelmir Betting perguntou como Dilma reduziria a carga tributária, ela aproveitou para criticar a política de juros do governo FHC. No comentário, Serra disse que “sai governo, entra governo, mas continua o Brasil com a maior taxa de juros do mundo”.

José Paulo Andrade questionou o tucano se ele estaria escondendo FHC na sua campanha e como trataria as privatizações. Serra não defendeu FHC, prometeu utilizar bem o patrimônio público e “não arrebentar empresas importantes como os Correios”, numa crítica ao “aparelhamento político” feito, segundo ele, pelo governo do PT.

Ainda no quarto bloco, Marina disse que não deve existir confronto entre meio ambiente e o desenvolvimento, quando foi chamada por Plínio de “eco-capitalista”. O candidato do PSOL disse ainda ser contra a transposição do Rio São Francisco e a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Nas considerações finais, Serra se disse cobrado pela filha por sorrir pouco, mas se disse “satisfeitíssimo” com o debate e ficou emocionado ao lembrar do pai. Dilma tentou passar a imagem de experiência por ter comandado a equipe de Lula. Marina agradeceu a Deus e disse que é preciso reconhecer o que foi feito, embora “haja muito mais a fazer”. Sem fugir do estilo irônico do debate, Plínio chamou os demais candidatos de “polianas” (para quem tudo está bem) e garantiu ser o único “capaz de defender os direitos dos trabalhadores”.

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