DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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terça-feira, 29 de março de 2011

Lula diz que, havendo divergência, Dilma ‘está certa’

Adepto do mutismo no Brasil, Lula moveu os lábios diante de jornalistas um par de vezes no seu primeiro dia em Portugal.

A primeira concessão aos gravadores foi feita numa conversa coletiva, na saída de um jantar (leia o texto abaixo).

A segunda, num encontro com dois repórteres, no hotel em que Lula se hospedou em Lisboa, nesta segunda (28).

Jair Rattner, um dos repórteres presentes à segunda entrevista, levou à web um relato do diálogo. Vão abaixo os principais trechos:

- Divergências com Dilma: “Não há hipótese de haver divergência. Porque quando houver divergência, ela está certa”.

- Voto do Brasil contra o Irã na ONU: “Acho que foi correto o voto do Brasil. Tem que ter um relator que vá ao Irã investigar. O relator não é obrigado a concordar com as acusações feitas por outros países, mas você não pode impedir que vá alguém investigar se há ou não atrocidades contra os direitos humanos [no Irã]”.

- Ausência no almoço oferecido por Dilma a Barack Obama: “Foi por uma razão muito simples. Fazia apenas dois meses e meio que eu tinha deixado a Presidência. Eu acho importante que o Fernando Henrique Cardoso tenha ido, que o Collor tenha ido, que o Itamar tenha ido, que tenha ido o Sarney como presidente do Senado. Agora, eu, fazia apenas dois meses e meio que tinha saído da Presidência. Eu não poderia voltar ao Itamaraty, tinha que deixar passar um tempo. Senão seria eu competindo com a nossa presidenta”.

- Resultados da visita de Obama ao Brasil: “Eu esperava que ele anunciasse algumas coisas mais importantes. Por exemplo: que o Brasil deveria entrar no Conselho de Segurança da ONU, que ele reconhecesse e cumprisse a decisão da OMC em relação à questão do algodão, que ele diminuísse a taxação do etanol e, mais ainda, que ele retomasse as negociações da rodada de Doha, porque a rodada de Doha parou por causa das eleições nos EUA e na eleição da Índia. Somente o comércio é que vai criar condições para a melhoria da vida dos países mais pobres”.

- Revoltas populares contra ditadores do Norte da África e Oriente Médio: “É uma sede de democracia que bateu na juventude. O que aconteceu com a juventude é que eles queriam dignidade, queriam ter esperança outra vez. Eu acho que a democracia é isto, você permitir que as pessoas participem das decisões, que as pessoas tenham alternância de poder. Isto resulta num benefício importante para o mundo e para o Oriente Médio”.

- Acusação de que deixou um legado maldito que açula a inflação: “Acho que, se tem um país que não tem problemas, é o Brasil. O Brasil continua crescendo, a inflação está controlada e vai ser controlada, não há nenhuma perspectiva de a inflação voltar. Eu tenho lido e ouvido pronunciamentos da presidenta Dilma de que ela fará todo o esforço possível para não permitir a volta da inflação, porque ela sabe que a volta da inflação significa prejuízo aos trabalhadores que vivem de salário”.

- Futuro político: “A partir da segunda quinzena de abril eu vou fazer uma agenda mais forte dentro do Brasil. Quero ajudar a fortalecer o PT e o movimento social, quero manter contato com o movimento sindical. Vou voltar à porta de fábrica em São Bernardo do Campo, porque eu apenas deixei de ser presidente da República, mas eu jamais serei um ex-militante político, um ex-militante sindical, um ex-militante social. Está na minha vida fazer isso e eu vou continuar fazendo porque é uma coisa que eu gosto e que eu preciso”.

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