DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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sexta-feira, 25 de março de 2011

Em matéria de Irã, gestão Dilma já ficou ‘grandinha’


Paixão

Dizem que a Dilma fez uma consulta urgente ao Lula no dia da posse. Ela acordou de madrugada naquele 1º de janeiro. Estava ansiosa.

Como era muito cedo, Lula não pôde responder à consulta de sua pupila imediatamente. Concedia audiência ao sono.

Dilma já estava saindo para o Congresso quando, finalmente, soou o telefone. Lula foi direto ao ponto: “Use aquele verde-água”.

Dilma tirou o vestido vermelho que estava usando, vestiu a peça recomendada pelo patrono e foi fazer o juramento à Constituição.

O relato é uma caricatura. Mas um pedaço do petismo fiel a Lula achava que seria assim. No poder, Dilma confiaria tudo a Lula ou a Deus –o que daria no mesmo.

Pois bem. Pelo menos nas relações do Brasil com o Irã, o Itamaraty de Dilma já está bem grandinho. Já sabe escolher a própria roupa.

Nesta quinta (24), o Brasil votou a favor do aprofundamento de investigações da ONU sobre violações aos direitos humanos no Irã.

Deu-se no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Discutia-se a indicação de um relator especial para esquadrinhar o Irã.

E a representação do Brasil –espanto (!), pasmo (!!), estupefação (!!!)— engrossou o rol dos 20 países que votaram favoravelmente à providência.

Não se trata, ainda, de uma condenação ao Irã. Porém, abaixo da suspensão, é o gesto mais graúdo que a ONU poderia adotar para encostar o país na parede.

O Itamaraty alega que votou a favor porque o Irã não tem colaborado com a comunidade internacional.

Argumenta, de resto, que a resolução "é reflexo de uma avaliação compartilhada de que a situação dos direitos humanos no Irã merece a atenção do conselho" da ONU.

Nos últimos 10 anos, o Brasil ora escondia-se atrás da abstenção ora votava contra resoluções que condenavam o Irã. A favor? Jamais.

Em junho de 2010, sob Lula, o Brasil deu um dos dois votos contrários à quarta rodada de sanções da ONU para deter o programa nuclear iraniano.

Decorridos cinco meses, o Brasil se absteve de tomar posição em relação a outra resolução levada a voto na ONU.

No texto, a entidade manifestou "grande preocupação" com alguns tipos de punição impostas pelo Irã. Coisas como lapidação, flagelação e amputação.

O ex-chanceler Celso Amorim disse à repórter Claudia Antunes que, “provavelmente”, não votaria a favor da nomeação de relator especial para perscrutar o Irã.

Ministro nos dois reinados de Lula, Amorim que não é possível condenar e ao mesmo tempo manter um diálogo, inclusive sobre direitos humanos.

"As pessoas acham que sobre cada ação há apenas uma decisão moral. Mas a decisão é também política...”

“...Não no sentido de agir em interesse próprio, mas de saber se o resultado será o desejado".

Como se vê, o governo Dilma vai, devagarzinho, aprendendo a escolher no guarda-roupa de opções algumas peças que lhe dão aparência própria.

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