DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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quarta-feira, 30 de março de 2011

Como Sarney soube do fracasso do Cruzado

Coluna da Folha de Pernambuco da quarta-feira, 30/03/11

O livro de Regina Echeverria “Sarney, a biografia” está longe de ser a biografia definitiva do presidente do Senado. A autora fez 70 horas de gravações com o velho cacique maranhense e teve acesso às anotações feitas por ele nos seus 50 anos de vida pública. Mas deixou de fora muitos episódios que o próprio Sarney não deixará se escrever as suas memórias. De qualquer sorte, o livro revela casos interessantes como o momento em que Sarney descobriu que o Plano Cruzado fracassara.

Ele era presidente da República e marcara uma reunião da equipe econômica, em Carajás, nos cafundós do Pará, para que as conversas ocorressem longe dos olhos da imprensa. “A reunião vazou, foi um desastre, e Sarney só ficou sabendo da gravidade da situação quando foi ao banheiro e ouviu uma conversa entre (João) Sayad e o presidente do IBGE Edmar Bacha. Este, sem notar a presença de Sarney, abriu o jogo: “O Plano foi para o espaço! Sarney ouviu aquilo e tremeu nas bases.
Hoje, ele está cansado de dizer que ter avalizado o Plano Cruzado foi o “maior erro” de sua vida, porém não é isso o mais surpreendente. O que surpreende mesmo é que um punhado de economistas formados em universidades da Europa e dos Estados Unidos (Sayad, Bacha, Pérsio Arida, André Lara Resende) tenha concebido um plano econômico baseado no congelamento dos preços e do câmbio, contrariando a lógica capitalista, e hoje estejam todos milionários como “consultores” de economia.

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