Nem precisa olhar o termômetro pra saber que o calor está subindo. Calorão inflacionário. Perdeu a cerimônia. Instalaram de vez.
A quentura bate à porta dos gabinetes de Brasília, entra, se instala e desafia o dono da sala. Até o ar-condicionado transpira.
O brasileiro mais antigo, do tipo que sabe o que os governos fizeram nos verões passados, arrepia-se: estamos todos fritos!
Nesta terça (26), o governo foi aos holofotes com discurso unificado. Deu-se no palco do Conselhão. Na platéia, empresários, sindicalistas e agentes sociais.
Primeiro, foi à boca de cena o presidente do BC, Alexandre Tombini. Insinuou que os calores serão duradouros:
"A questão da inflação vai requerer um esforço prolongado".
Na sequência, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse crer que as providências já adotadas surtem efeito:
"Os ajustes que governo está fazendo permitem o crescimento sustentável com inflação sob controle e solidez fiscal".
Misturando-se Tombini e Mantega, chega-se à tática do atual governo: tenta-se atravessar o mormaço sem prostrar o PIB.
Ao fundo, pisca a palavra “paciência”. Com calma, o país vai crescer uma média de 5% ao ano, aposta Mantega.
Antes que as cortinas se fechassem, subiu ao palco do Conselhão a protagonista. Dilma Rousseff soou firme, como convém:
Na guerra contra a inflação, "não nos furtaremos a colocar em ação todas as medidas, e aí repito: todas as medidas, que julgarmos necessárias e urgentes".
Ela disse que considera compreensíveis as dúvidas que a ação de Brasília suscita. Mas leva aos lábios o bordão do conta-gotas:
"Trataremos com serenidade e segurança as medidas e ações necessárias".
Até aqui, assistia ao incêndio que arde no teatro de operações. Agora, verifica que há um quê de teatro no incêndio.
Impossível prever o final da peça. Mas uma coisa é preciso reconhecer: a turma pelo menos está be ensaiada.
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