Publicado em 05-Out-2011

O
relatório do deputado Fontana, um amplo roteiro das alterações
necessáris e requeridas pelo país, tem três proposições que reputo
principais: o financiamento público de campanhas eleitorais, com
controle pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE); a instituição do voto
proporcional misto, pelo qual o eleitor vota duas vezes, uma na lista do
partido e outra no candidato; e a realização de um referendo sobre o
novo sistema eleitoral após três eleições.
Como vocês vêem, o
documento do relator, uma síntese das propostas do PT e aliados, alinha
proposições que contribuem decisivamente para superar os dois graves
problemas do atual modelo eleitoral falido que se mantém no país - o
custo das campanhas e o financiamento privado.
Barrar a corrupção
Mesmo
aqueles que até agora não se convenceram das vantagens de sua aprovação
e ainda debatem democraticamente essas questões concordam que estes são
dois pontos que constituem fonte de alimentação de caixa dois e do
aumento da corrupção. Como se constitui em outra fonte de corrupção o
voto distrital, defendido pelo PSDB e por muitos da oposição.
Ainda
que se respeite os pontos e razões arguídos pelos adversários pró-voto
distrital, é preciso compreender que ele é um foco de corrupção e de
campanhas milionárias, além de enfraquecer e se constituir em meras
plataformas personalistas de lançamento de grandes nomes.
Com o
distrital, os partidos inexistem, princípios e programas deixam de ser
discutidos nas campanhas e são relegados ao lixo. As campanhas se tornam
personalistas, e os candidatos, majoritários em cada distrito,
convertem-se em verdadeiros trens-pagadores.
Em suas campanhas são despejados rios de dinheiro ampliando ainda mais uma situação já existente hoje, na qual se elegem para as câmaras de vereadores, as assembléias legislativas e a Câmara dos Deputados os candidatos que fizerem as campanhas mais milionárias.
Não vamos deixar morrer a reforma política
É
por isso, e contra tudo isso, que o PT continua mobilizado e
trabalhando pela reforma política. Ao contrário, por exemplo, da
oposição e da mídia que, com raras exceções, não querem a reforma
política, muito menos o financiamento público das campanhas eleitorais.
Preferem
apoiar o voto distribtal, ou pior, algumas modificações superficiais
ainda que importantes, como o fim das coligações proporcionais, ou a
reimplantação da cláusula de barreira, já revogada pelo Supremo Tribunal
Federal (STF).
Nesse quadro, avulta, então, a importância da
votação hoje do relatório Fontana, única forma de destravar a tramitação
das mudanças e promover o debate público que faça andar a reforma
política, um avanço até agora obtido sob a liderança apenas do
ex-presidente Lula, do PT e de suas bancadas.
Não vamos deixar
passar em branco essa oportunidade de votar e fazer a reforma. Não
podemos relegar sua discussão a um segundo plano, deixá-la desaparecer
diante da má vontade da oposição e da imprensa em promover e veicular o
seu debate. Não podemos deixá-la morrer.
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