DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

FHC agora cobra do PSDB que ‘defenda sua história’

Folha
Passada a segunda a terceira sucessão presidencial em que o legado de seu governo não foi defendido pelo próprio partido, Fernando Henrique Cardoso avisa:

"Não estou mais disposto a dar endosso a um PSDB que não defenda a sua história".

FHC falou aos repóretes Maria Cristina Frias e Vinicius Mota. O resultado da conversa foi às páginas da Folha.

Abaixo, algumas das frases do ex-presidente:

- Serra e o 2º turno: “Serra foi fiel ao estilo dele. Tomou as decisões na campanha, com o [marqueterio Luiz] Gonzalez. Não fez diferente do que se esperaria de Serra como um candidato que define uma linha e vai em frente.”

- Rescaldo de 2010: “O PSDB, e não o Serra, tem outros problemas mais complicados. Precisa ter uma linguagem que expresse o coletivo. Os candidatos esqueceram a campanha e não definiram o futuro. O nosso futuro vai ser fornecer produtos primários? Ou vamos desenvolver inovação, a educação, a industrialização? Isso não foi posto”.

- Aécio e a fila do PSDB: “Eu não posso dizer que passou a primeiro lugar, mas que o Aécio se saiu bem nessa campanha, se saiu. Não posso dizer que passou a primeiro lugar porque o Serra mostrou persistência e teve um desempenho razoável. Não diria que existe um candidato que diga ‘Eu naturalmente serei’ [o presidenciável tucano em 2014]”.

- Sucessão e Método: “O PSDB também não pode ficar enrolando até o final para saber se [o candidato] é A, B, C ou D. Dentro de dois anos temos de decidir quem é e esse "é" tem de ser de todo mundo, tem de ser coletivo”.

- Legado da era tucana: “Não estou disposto mais a dar endosso a um PSDB que não defenda a sua história. Tem limites para isso, porque não dá certo. Tem de defender o que nós fizemos. A privatização das teles foi boa para o povo, para o Tesouro e para o país. Do ponto de vista econômico, as questões estão bem encaminhadas”.

- Lula e 2010: “O presidente Lula desrespeitou a lei abundantemente. Na cultura política, regredimos. Não digo do lado da mecânica institucional -a eleição foi limpa. Mas na cultura política, demos um passo para trás, no caso do comportamento [de Lula] e da aceitação da transgressão, como se fosse banal”.

- Marketing e eleições: “Nós entramos num marquetismo perigoso, que despolitiza. Hoje a campanha faz pesquisas e vê o que a população quer naquele momento. A população sempre quer educação, saúde e segurança, e então você organiza tudo em termos de educação, saúde e segurança. [...] O que nós temos na campanha é a reafirmação dos clichês colhidos nas pesquisas. Onde é que está a liderança política, que é justamente você propor valor novo. O líder muda, não segue.

- Os 16 anos de PSDB X PT: “O que o Chile fez na forma da Concertação [aliança entre Partido Socialista e Democracia Cristã que governou o país de 1990 a 2010], fizemos aqui sob a forma de oposição. Há muito mais continuidade que quebra. O pessoal do PT aderiu grosso modo ao caminho aberto por nós. Isso é que deu crescimento ao Brasil...”

- Lula e o Estado: “A nossa tradição é de corporativismo estatizante, e isso está voltando. É uma mistura fina, uma mistura de Getúlio, Geisel e Lula. O Lula é mais complicado que isso, porque é isso e o contrário disso. Como é a metamorfose ambulante, faz a mediação de tudo com tudo. Lula sempre faz a mediação para que o setor privado não seja sufocado completamente. Não sei como Dilma vai proceder”.

- O governo Dilma: “Não sabemos o que ela pensa, nem como é que ela faz. O Brasil deu um cheque em branco para a Dilma. Vamos ver o que vai acontecer com a conjuntura econômica. Há um problema complicado na balança de pagamentos, um deficit crescente, uma taxa de juros elevada e uma taxa de câmbio cruel”.


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