DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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terça-feira, 30 de novembro de 2010

PMDB ‘perde’ 3 pastas e aguarda por ‘contrapartidas’


Miran

Dos seis ministérios que chama de seus, o PMDB deve perder três: Comunicações, Integração Nacional e Saúde.

O primeiro, Dilma Rousseff planeja entregar ao petista Paulo Bernardo. O Segundo, ela cogita repassar ao PSB. No terceiro, deseja acomodar um “especialista”.

Numa quarta cadeira, a de ministro da Defesa, Dilma manterá, a pedido de Lula, Nelson Jobim.

Embora Jobim seja um filiado histórico do PMDB, sua renomeação não é apropriada como ativo do partido.

De concreto, por ora, o PMDB recebeu de Dilma duas sinalizações: Wagner Rossi, ligado a Michel Temer, pode ser mantido no Ministério da Agricultura.

E a pasta de Minas e Energia, na qual José Sarney almeja realocar o senador Edison Lobão, deve permanecer sob o guarda-chuva da legenda.

E quanto à “perda” de Comunicações, Integração e Saúde? O partido não obteve, por ora, garantias de que será compensado do modo que deseja.

Nos arredores de Dilma, diz-se que, fechada a contabilidade ministerial, o PMDB deve encolher. Afora Agricultura e Minas e Energia levaria mais duas pastas.

Considerando-se que a própria legenda enxerga Jobim como parte da cota pessoal de Dilma, teria quatro ministérios em vez de meia dúzia.

Restaria, assim, definir as duas cadeiras restantes. O PMDB mira no alto. Cobiça Cidades e Transportes, dois escaninhos apinhados de obras do PAC.

Tem alguma chance de emplacar Wellington Moreira Franco na pasta das Cidades. Hoje, é do PP. Uma legenda que preferiu a “neutralidade” ao apoio formal a Dilma.

A cessão dos Transportes ao PMDB, porém, indisporia Dilma com o PR, que gere o ministério sob Lula e apoiou Dilma na primeira hora, dando-lhe o tempo de TV.

Sempre barulhento, o PMDB pôs de lado, momentaneamente, o trombone. Exibe um silêncio incomum.

A legenda submete-se à articulação do vice-presidente eleito Michel Temer, a quem credenciou como comandante do exército das nomeações nacionais.

Temer cuidou de mandar ao freezer o chamado blocão, uma aliança de partidos que, urdida pelo líder Henrique Eduardo Alves, reúne 202 deputados.

A esperteza foi congelada por duas razões. Primeiro porque Dilma pediu. Segundo porque Temer e outros caciques pemedebês viram na manobra um erro.

Há no tal bloco legendas com as quais o PMDB disputa a partilha da Esplanada. Entre elas o PP das Cidades e o PR dos Transportes.

Ao empinar o blocão, Henrique Alves como que credenciou os rivais, emprestando-lhes o peso do PMDB. Daí, principalmente, a meia volta.

A despeito do silêncio, ouvem-se longe dos refletores os queixumes. Alega-se que o bom comportamento do PMDB contrasta com a sem-cerimônia do PT.

No Senado, integrantes do grupo de Sarney e do líder Renan Calheiros olham de esguelha para a migração de Paulo Bernardo.

Não parecem conformados com a pretensão de Dilma de transferir o amigo petista do Planejamento para as Comunicações, um feudo do PMDB do Senado.

Dali saiu o senador Hélio Costa, candidato derrotado do PMDB ao governo de Minas.

Junto com a pasta vai ao controle do PT a engrenagem dos Correios. Para Dilma, um ninho de problemas. Para o PMDB, um celeiro de cargos e negócios.

Não é só: a turma de Sarney e Renan fareja uma marcha petista em direção a cadeiras do sempre cobiçado sistema Eletrobras.

Há mais: o PMDB da Câmara inquieta-se com outros dois movimentos do PT.

Num, enxerga-se o interesse em retirar da diretoria Internacional da Petrabras Jorge Zelada, um apadrinhado da bancada de deputados do PMDB.

Noutro, vislumbra-se um ataque petista a Furnas, estatal na qual o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) manda e, sobretudo, desmanda.

Entre todos os congressistas do PMDB, Cunha talvez seja o mais afeito ao barulho. Quando contrariado, costuma causar problemas.

O PMDB espera receber até o final de semana indicações mais precisas quanto à forma como Dilma pretende tratar o partido.

Para saber se o PMDB considera-se atendido à altura, basta observar o trombone. Se começar a tocar...

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