Folha

Depois de seis horas de julgamento, os jurados (cinco mulheres e dois honens) consideraram o réu culpado. A sentença foi fixada em 18 anos de cadeia.
Marcos Bispo é um dos sete implicados no crime. Dirigiu um dos automóveis que executaram o sequestro de Celso Daniel, em janeiro de 2002.
Dois dias depois, o corpo de Daniel, ex-prefeito de Santo André, foi encontrado numa estrada de terra de Itapecerica da Serra (SP). Foi executado com oito tiros.
Coube ao promotor Francisco Cembranelli o papel de acusador. Em essência, ele pintou diante do júri o seguinte quadro:
Celso Daniel foi morto por encomenda de uma quadrilha que desviava verbas das arcas da prefeitura de Santo André.
O morto consentiu os desvios enquanto serviram para fornir o caixa dois eleitoral do PT.
A certa altura, o dinheiro passou a engordar as contas bancárias de membros da quadrilha.
Celso Daniel levou o pé à porta do cofre. E sua morte foi, então, planejada, encomendada e executada.
Marcos Bispo não deu as caras no julgamento. Foi condenado à revelia. Ele havia confessado participação no crime. Porém...
Porém, seu advogado, Adriano Marreiro dos Santos, disse aos jurados que o cliente confessou sob tortura.
Teria sido torturado nas dependências de duas repartições policiais de São Paulo.
Primeiro, no DEIC (Delegacia Estadual de Investigações Criminais). Depois, no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).
Ao condenar Marcos Bispo, os jurados deram de ombros para a argumentação do advogado. Preferiram endossar os argumentos do promotor Cembranelli.
Afora a condenação do réu, a sentença vai à crônica do caso como um endosso à tese de que Celso Daniel foi à cova em meio a uma operação de queima de arquivo.
Uma tese que constrange o PT, apontado pelo Ministério Público como beneficiário dos malfeitos praticados sob o ex-prefeito.
Noutro processo, uma ação penal que corre em Santo André, figuram no pólo passivo o PT e o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.
Carvalho foi formalmente acusado de entregar as verbas de má origem coletadas no município para o então presidente do PT, José Dirceu.
O assessor de Lula nega participação no malfeito. Dirceu também. O PT classifica a alegação de caixa dois de “fantasiosa”.
O fantasma continua a assombrar a legenda. Sacudiu o lençol no júri desta quinta. Voltará no julgamento dos outros seis acusados.
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