O PMDB frequenta a batalha por posições no segundo escalão com a infantaria organizada. Dividiu-se em dois destacamentos.
Num, sob o comando do líder Henrique Eduardo Alves, operam os “mordedores”. Noutro, chefiado pelo vice Michel Temer, militam os “assopradores”.
Em resposta ao avanço do PT sobre suas trincheiras, o PMDB retirou do paiol o salário mínimo, misturando-o aos cargos.
Nesta quarta (5), 24 horas depois de ter eletrificado o front, o “tenente” Henrique Alves expediu uma nota.
Na véspera, dissera que o PMDB teria de ser “convencido” antes de votar a favor do mínimo de R$ 540, proposto pelo governo.
Na nota, a despeito de o ministro Guido Mantega (Fazenda) ter dito que Dilma Rousseff vetará eventuais aventuras, Henrique conservou a dúvida.
Escreveu que o valor sugerido pelo governo será objeto de debates no Legislativo. Cerrou o maxilar sem se comprometer com os R$ 540:
"Queremos [...] uma discussão séria com a área econômica. Buscar números e razões para enfrentar este debate, que não pode ser emocionalizado nem demagógico".
Alcançado em São Paulo, Temer assoprou: "O PMDB não vai votar contra o governo".
Sobre os cargos, Temer disse que seu partido “tem toda a calma”. Realçou que a sensação de azáfama, de correria contagia todo o consórcio governista:
"É generalizado, o que há é de todo mundo".
Acomodado na pasta da Previdência, cujas contas são impactadas pelo mínimo, o pemedebê Garibaldi Alves aproximou-se mais de Temer que de Henrique.
Garibaldi insinuou que mínimo maior é coisa que todos querem, inclusive ele. Porém...
Porém, “não queremos ver realmente o país numa situação de dificuldade a partir do que o salário mínimo representa como indexador”.
O observador que não quiser perder a essência do debate deve lançar um olhar por sobre o jogo de cena das dentadas e dos assopros.
A Era Dilma Rousseff mal começou. E o PMDB não é partido de abandonar navios em início de jornada.
A legenda de Temer saiu diminuída do processo de composição do ministério. Tenta cavar compensações no convés da embarcação. Daí as mordidas.
Sabe, porém, que a Esplanada de Dilma tem prazo de validade. A próxima dança de cadeiras talvez chegue antes da eleição municipal de 2012.
Na hora própria, o PMDB votará o salário mínimo que o governo quiser. Depois, voltará à velha tocaia. Em quatro anos, mostrará os dentes incontáveis vezes.
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