DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

PT x PSB: um jogo de soma zero?

Por: *Adriano Oliveira

Por diversas razões, alianças políticas findam. Elas não são perenes. Em algum instante, por conta de interesses contrariados de algum ator ou pelo enfraquecimento da expectativa de poder, as alianças rompem. As alianças políticas são construídas por conta da expectativa de poder dos atores. Na formação das alianças observa-se a lógica da ação coletiva de Mancur Olson. De acordo com Olson, os indivíduos podem agir coletivamente em virtude de um ou vários interesses comuns. Portanto, as alianças políticas são construídas porque determinados indivíduos descobrem que a conquista do poder ocorrerá caso ajam coletivamente. A Teoria dos Jogos consegue explicar a formação das alianças políticas, pois os indivíduos agem racionalmente e estrategicamente quando buscam conquistar o poder. Através da Teoria dos Jogos é possível também prever que a aliança PT e PSB poderá findar. Cientistas Políticos não podem se abster de construir cenários. Estes são hipóteses. Com o auxilio da Teoria dos Jogos, observo que o PT nacional desconfia dos interesses do PSB. E o PSB sabe que a aliança com o PT é uma alternativa de poder no âmbito nacional, mas também pode não ser. O PT tem ciência de que Eduardo Campos é uma sombra à Dilma em virtude da sua relação pessoal com Lula e também por conta do seu capital eleitoral no estado de Pernambuco. O PT sabe que Eduardo busca, estrategicamente, conquistar dimensão política nacional. Enfim, o PT sabe que Eduardo Campos é uma alternativa para 2014. Por outro lado, o PSB sabe que se Dilma Rousseff fizer um bom governo e for aprovada pela população, as chances de Lula ser candidato em 2014 com Eduardo Campos em sua chapa são remotas. Neste caso, diante deste contexto, onde Dilma terá condições de ser reeleita, a alternativa de Eduardo Campos é adiar seu sonho presidencial para 2018 ou se aliar ao PSDB, preferivelmente com Aécio Neves. Em um cenário onde Dilma é favorita na disputa presidencial, o PMDB continuará a ser o seu aliado preferencial. E o PSDB buscará o PSB como parceiro. O PSB, caso deseje alçar Eduardo Campos para vice-presidência terá que enfrentar o PMDB ou caminhar junto com o PSDB. Observo, portanto, que em longo prazo, os interesses de Eduardo Campos e do PT talvez não sejam convergentes. Mas concorrentes. Esta concorrência poderá ter forte repercussão nas eleições de 2012 e na eleição para Governo do Estado em 2014. Por enquanto a Teoria dos Jogos mostra que em 2014 apenas um será o vitorioso nesta concorrência silenciosa entre PT e PSB. O jogo entre os atores do PT e do PSB sugere ser de soma zero.

*Adriano Oliveira é doutor em Ciência Política, professor adjunto do Departamento de Ciência Política (UFPE) e coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral (UFPE) (adrianopolitica@uol.com.br).

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