Pivô do caso da violação fiscal, ‘repórter’ deve ser indiciado
Ex-ministra será inquirida sobre os malfeitos na Casa Civil
A Polícia Federal agendou para esta segunda (25) os depoimentos de dois personagens que compõem o pano de fundo da sucessão de 2010.
Marcou-se para as 9h a inquirição de Amaury Ribeiro Jr., o ‘repórter’ que enomendou, ao preço de R$ 12 mil, a quebra do sigilo fiscal de pessoas ligadas a José Serra.
Agendou-se para as 10h o interrogatório de Erenice Guerra, a ex-braço direito de Dilma Rousseff, afastada da Casa Civil sob denúncias de tráfico de influência.
Até sexta-feira (22), Amaury não havia confirmado o comparecimento. Se der as caras, deve deixar a audiência indiciado.
Será formalmente acusado da prática de dois crimes: quebra de sigilo fiscal e corrupção ativa.
Quanto a Erenice, os advogados dela tentaram postergar o depoimento. Mas não obtiveram sucesso.
No inquérito do Fiscogate, as perguntas que a PF vai formular são tão importantes quanto as respostas que Amaury possa dar. Por quê?
Pelo rumo da prosa, vai-se saber se a PF está ou não interessada em elucidar o pedaço do inquérito que roça no comitê de Dilma Rousseff.
Na semana passada, Lula, o PT e a direção da PF trombetearam a tese de que a quebra do sigilo fiscal teria resultado de uma disputa tucana.
Insinuou-se que a obtenção ilegal dos dados, em outubro de 2009, interessava a Aécio Neves, que media forças com José Serra pela vaga de candidato do PSDB.
Menosprezou-se o fato de que as informações viraram um dossiê manuseado por integrantes da pré-campanha de Dilma.
Ignorou-se que, em depoimento de 15 de outubro, Amaury acusara o petista Rui Falcão de roubar os dados que armazenava num laptop.
Desconheceu-se que, numa de suas passagens por Brasília, em abril de 2010, Amaury hospedou-se em flat de um membro da campanha petista.
Desconsiderou-se a descoberta de que o “cala-boca” de R$ 5 mil que Amaury deu ao despachante que contratara em São Paulo saiu de uma agência de Brasília.
A mesma agência bancária em que mantém conta a Lanza Comunicação, firma de Luiz Lanzetta, que prestava serviços ao comitê de Dilma.
Assim, a natureza do inquérito depende do teor das perguntas da PF. Para deixar de ser uma investigação de fancaria, terá de contemplar as variáveis petistas.
No Erenicegate, a PF lida com outra variável. O filho da ex-ministra, Israel Guerra, optou pelo silêncio ao ser interrogado.
Nada impede que a mãe faça o mesmo. Para evitar marolas na campanha da ex-chefe e amiga Dilma Rousseff, Erenice pode invocar o direito de falar apenas diante do juiz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário