DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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domingo, 31 de outubro de 2010

Quem subirá a rampa do Planalto em 2011?


Chega ao fim o duelo entre Dilma e Serra. Neste domingo, os brasileiros indicam o sucessor de Lula. A candidata petista é a favorita. Resultado deve sair à noite

Dilma Rousseff e José Serra

(Nacho Doce/Reuters)

Os brasileiros devem descobrir ainda neste domingo quem vai presidir o país a partir de 1º de janeiro de 2011. Depois de uma campanha de segundo turno que esquentou o duelo político mas não chegou a empolgar a população, os candidatos do governo, Dilma Rousseff (PT), e da oposição, José Serra (PSDB), descobrem seu futuro na votação que se estende das 8 horas às 17 horas. A Justiça Eleitoral prevê que o resultado será conhecido à noite - e, de acordo com as pesquisas de intenção de voto, o mais provável é que Dilma, mineira, 62 anos, se transforme na primeira presidente eleita da história do país (e logo em sua primeira disputa eleitoral).

O perfil e a trajetória da petista, aliás, são bastante diferentes na comparação com a figura do tucano. Pouco conhecida da população até o momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu lançá-la para sucedê-lo, Dilma tem uma carreira política curta - e, curiosamente, originada não no PT, mas sim no PDT. Foi secretária de governo estadual e ministra das Minas e Energia e da Casa Civil. Já Serra, paulista, 68 anos, foi secretário, deputado, senador, ministro da Saúde e ministro do Planejamento, além de prefeito e governador. Disputa sua segunda eleição presidencial - na primeira, em 2002, perdeu para Lula no segundo turno.

Conforme os dados da sondagem divulgada na noite de sábado pelo instituto Datafolha, Dilma tem dez pontos porcentuais de vantagem sobre Serra, uma diferença que supera com clareza a margem de erro. Levantamentos feitos para consumo interno pelos dois partidos, porém, sinalizam um resultado mais apertado, com os dois candidatos muito mais próximos na preferência do eleitorado. Os governistas evitam cantar vitória antes da hora e os oposicionistas falam na chance de um resultado surpreendente - posições justificadas pelos erros dos institutos no primeiro turno, quando a vitória de Dilma já na primeira rodada era prevista por todos.

Desde a votação de 3 de outubro, pouco mudou no cenário eleitoral brasileiro. A terceira colocada no primeiro turno, Marina Silva (PV), não apoiou nenhum candidato - e, assim, deixou em aberto a disputa pelo significativo montante de votos de sua chapa na rodada inicial da eleição. Temas controversos, como a legislação sobre aborto e a posição dos partidos em relação às empresas estatais, dominaram a troca de críticas entre Dilma e Serra. Os rumos da campanha, no entanto, se mantiveram praticamente inalterados - e sem uma discussão de propostas sobre os temas mais urgentes para os brasileiros.

A eleição deste domingo marca o começo do fim do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que mergulhou na campanha como se estivesse ele mesmo disputando uma nova reeleição. Não era para menos: esta foi a primeira campanha presidencial desde a redemocratização do país em que Lula não foi candidato. Acostumado a rodar o país e pular de palanque em palanque a cada quatro anos, Lula manteve o hábito, apesar das repetidas críticas da oposição sobre o papel do atual ocupante do cargo na definição de seu sucessor. Ele não se incomodou: seguiu deixando de lado a liturgia do cargo para tentar colocar Dilma em seu lugar.

Na série de eventos públicos marcados por Lula para ajudar Dilma, chama atenção a aparição do presidente no início das operações de um navio-plataforma do pré-sal - a nada menos que três dias da votação. A Petrobras e o pré-sal, aliás, se juntam ao aborto e às privatizações na lista dos temas que municiaram a briga política. Com o bate-boca direcionado pelos marqueteiros, faltou espaço, tempo e disposição dos candidatos para discutir e iluminar os temas que mais importam à população: saúde, educação, segurança, impostos, crescimento econômico. Que a partir desta segunda, com a sucessão já definida, esses assuntos sejam contemplados.

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