Onze meses depois de a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) dar aval para que a Master Top Linhas Aéreas (MTA) continuasse voando, mesmo tendo detectado o risco de paralisação de seus serviços por problemas financeiros, a empresa está em crise financeira e não honra mais seus compromissos com os Correios, o que causa prejuízos ao contribuinte.
A MTA foi pivô do escândalo que derrubou a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra.
A Polícia Federal investiga a denúncia de que a Anac teria aprovado a renovação da concessão da empresa após a intervenção de Israel Guerra, filho de Erenice, que teria recebido propina para deslanchar o processo. Erenice nega envolvimento.
O presidente dos Correios, David José de Matos, confirmou os problemas da MTA, nesta terça-feira, e disse que a contratação de concorrentes para substituí-la custará mais ao governo.
Em entrevista ao GLOBO, ele adiantou que a companhia deverá perder os contratos com os Correios e ficar proibida de operar linhas de transporte de cargas postais por cinco anos.
A MTA vem sendo multada pelos Correios por atrasos ou descumprimento de voos da malha postal. Para manter as entregas, a estatal é obrigada a comprar, a preços mais altos, espaço em aeronaves de concorrentes, mediante pregões diários.
Numa contratação regular, paga-se por um pacote de voos e os aviões só podem levar encomendas da estatal. Numa emergência, o governo fica sujeito à disponibilidade das companhias, inclusive as que operam o transporte regular de passageiros - o que, invariavelmente, cria uma relação desvantajosa.
David de Matos não informou os valores que têm sido desembolsados para substituir a MTA:
- Esse número depende muito do dia. Varia, mas é mais caro do que um contrato normal.
Ele afirmou nesta terça-feira que a proibição de ter negócios com os correios por cinco anos é a punição máxima pelo descumprimento de cláusulas do transporte.
Um processo administrativo será aberto para avaliar o caso. Após a empresa apresentar suas alegações, a área técnica definirá as penalidades. A decisão será da diretoria da estatal, mas uma notificação avisando sobre as multas e cobrando as explicações já foi enviada.
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