DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Sob Lula, o gasto subiu R$ 282 bi. Dilma paga a conta


Alan Marques/Folha

Herança, como se sabe, é o que o descendente recebe quando o antepassado não teve a sabedoria de gastar tudo antes de tornar-se pretérito.

Progenitor político de Dilma Rousseff, Lula revelou-se um ascendente estróina. No governo dele, os gastos cresceram R$ 282 bilhões, descontada a inflação.

O grosso da derrama (78,4%) ocorreu no segundo reinado. Apenas entre 2006 e 2010, as despesas foram tonificadas em R$ 221 bilhões.

Deve-se a iluminação do legado fiscal de Lula às repórteres Regina Alvarez e Patrícia Duarte. Elas enfeixaram numa notícia dados recolhidos junto a especialistas.

A aferição dos gastos extras de Lula, por exemplo, consta de estudo do economista Fernando Montero, da Convenção Corretora.

Dilma ainda não disse, mas recebeu uma herança fiscal amaldiçoada. Não disse nem pode dizer.

Está condenada ao silêncio primeiro por lealdade ao patrono. Segundo, pelo instinto de autopreservação.

Vendida na eleição como supergerente, responsável por todo o governo, Dilma atiraria contra o pé se dissesse que não viu o escancaramento das arcas.

Assim, a pupila de Lula paga a conta sem chiar. Viu-se compelida a passar na lâmina R$ 50 bilhões do Orçamento de 2011.

Manuseia a faca para tentar consertar o testamento. Herdou inflação e taxa de juros em alta, carga tributária excessiva...

...E um Orçamento inflado em rubricas que, por permanentes, são imodificáveis: folha de pessoal e benefícios previdenciários.

Versado em contas públicas, Alcides Leite, da Consultoria Trevisan, realça um dos aspectos danosos da encrenca:

O aumento dos gastos correntes do governo, em níveis acima do crescimento do PIB, freou os investimentos.

Tomado pelo cofre, o reinado de Lula divide-se em duas fases –antes e depois da crise financeira internacional.

De 2003 a 2008, o superávit primário –dinheiro poupado para pagar os juros da dívida pública— praticamente dobrou. Foi a R$ 101,696 bilhões.

Nesse período, as metas fiscais que o governo se autoimpôs foram cumpridas. Sobreveio a crise. E as contas se deterioraram. Porém...

...Porém, um pedaço da ruína é aplaudido pelos especialistas. Por quê? Decorreu de providências adotadas pelo governo para atenuar os efeitos da crise.

Medidas como a isenção ou redução de alíquotas de tributos incidentes sobre carros, motos e eletrodomésticos. Algo que roeu a arrecadação do fisco.

Em 2009, a meta de superávit não foi cumprida. Mas o relaxamento fiscal foi à conta do bem sucedido combate à crise.

O maior problema foi 2010. Nesse ano, os cofres continuaram abertos. A crise arrefecera. Mas havia a eleição.

Para reanimar as receitas e manter os gastos em alta, o governo recorreu à madracaria.

Ao capitalizar a Petrobras, fez uma mágica contábil que borrifou nas arcas do Tesouro um extra de R$ 32 bilhões.

A despeito disso, não conseguiu entregar a meta de superávit primário. Precisava poupar 3,1% do PIB. Mas só fez um pé de meia de 2,78%.

Nas dobras da execução orçamentária de 2010, a propósito, esconde-se outra razão para o silêncio de Dilma em relação ao legado malfazejo.

Candidata da prosperidade, a agora presidente foi beneficiária direta da atmosfera de gastança.

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