DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Num Congresso de inocentes, o normal vira anormal

Divulgação

Não há culpados no Congresso. Apenas inocentes. Ou cúmplices. Todos são bons sujeitos. Mesmo os maus.

Como no mundo deles não existe diferença moral entre receber o 15º salário e receber qualquer outra vantagem, é tudo parte do pacote.

Até aqui, qualquer coisa que eles fizessem era normal. Até o anormal. Súbito, surgiu no Legislativo uma diferença.

Já não se pode vender o equívoco como correto com a cara completamente limpa. Deve-se o estabelecimento do contraste a José Antônio Reguffe (PDT-DF).

Acaba de ser eleito para o seu primeiro mandato de deputado federal. Amealhou 266 mil votos. Proporcionalmente, foi o deputado mais votado do país.

Prevaleceu por 19% a 6% se comparado ao colega Tiririca (PP-SP), dono da maior votação absoluta: 1,3 milhão de votos.

Reguffe deve a votação vistosa à forma diferente como faz política. Ele vem da Câmara Distrital de Brasília. Cruzou a lama do ‘Arrudagate’ limpo.

Nas pegadas do triunfo eleitoral, Reguffe anunciou que repetiria na Câmara federal algo que o distinguia na cena distrital: abriria mão de todos os privilégio$.

Empossado, enviou ofícios à Mesa diretora da Câmara. Abdicou dos salários extras (14º e 15º) e da verba indenizatória (R$ 15 mil).

Como reside na Capital, renunciou também à cota de passagens e ao auxílio-moradia.

Lipoaspirou a folha do gabinete. Em vez de 25 assessores, contratou nove. Reguffe faz as contas:

“Só com essas medidas, ao longo do mandato, vou economizar aos cofres públicos R$ 2,38 milhões”.

Por quê? “O que defendo e estou praticando é que o mandato parlamentar pode ser de qualidade custando bem menos ao contribuinte. O custo hoje é excessivo”.

Pressionando aqui, você chega a uma entrevista concedida por Reguffe ao repórter Vitor Vogas. Numa passagem da conversa ele foi inquirido: considera-se diferente?

E Reguffe: “Não. Sou apenas alguém tentando fazer a minha parte e honrar os compromissos com as pessoas que votaram em mim...”

“...O importante é a pessoa ser honesta e fazer a sua parte, e é isso que pretendo fazer”.

Ao fazer a sua parte, Reguffe como que expõe o todo. Fica mais fácil notar a anormalidade no normal que viceja ao redor.

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