"Eles assassinaram nosso filho. Acabaram com
nossa família." A forte declaração de Eduardo Lacerda tem destinatário.
Pai de Matheus Henrique, o homem era calma, mas revolta na manhã deste
domingo, enquanto velava seu filho único de 1 ano de idade na cidade de
Escada, Zona da Mata. Eduardo culpava o Governo de Pernambuco de ter
acabado precocemente com a vida da criança. Matheus sofria de
trombofilia, doença rara, única no Estado, uma anomalia no sistema de
coagulação que chegou a arrancar-lhe parte do pé, a visão e necrosar
outras partes do pequeno corpo. Muitos dias sem receber o medicamento
necessário para mantê-lo vivo, ele não resistiu e faleceu no sábado
(23), no Recife.
“O sentimento de toda nossa família é de revolta. Revolta com o que o Governo do Estado fez conosco. Se meu filho tivesse tomado a medicação da forma que o juiz determinou, ele estaria levando uma vida normal. Matheus agora descansou. O secretário de Saúde também deve ter descansado. O governador Eduardo Campos também deve ter descansado porque eles conseguiram o que queriam”, desabafou Eduardo.
Matheus
estava há três meses internado em hospital particular no Recife, para
onde a família se mudou. “Estávamos morando dentro do hospital. Não
saíamos de lá para nada”, disse o pai do menino. Segundo Eduardo, há uma
semana o anticoagulante fornecido pelo Governo de Pernambuco chegou
para o garoto. Mas o estado de saúde de Mateus já se agravara.
“Nada vai trazer Matheus de volta. Mas o Estado vai ter que responder
a esta família. É inadmissível que casos como este se repitam por falta
de um medicamento que poderia ter sido adquirido de forma mais rápida”,
informou a defensora pública Nátalli Brandi enquanto acompanhava o
velório. Ela garante que, após analisar o atestado de óbito, tomará as
medidas legais cabíveis e dará aos pais da criança amparo jurídico.
CASO – O drama de Matheus veio à tona no dia 28 de outubro, quando a TV Jornal veiculou matéria relatando a interrupção do fornecimento de Cepotrin, anticoagulante que
o mantinha vivo. À época, a Secretaria de Saúde do Estado informou que o
remédio era comprado fora do Brasil por não ter o registro da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Três dias depois, a Defensoria Pública
pediu que a Justiça determinasse a compra do medicamento.
No
primeiro dia de novembro, numa medida emergencial sugerida pela
Defensoria, o Governo da Bahia fez o empréstimo de 30 ampolas de
Cepotrin. O órgão pernambucano informou que já havia depositado 136 mil
euros (aproximadamente R$ 400 mil) na conta da Baxter, empresa
fabricante do anticoagulante, mas culpou os trâmites do depósito
bancário pela demora.
Acrescentou ainda que a falta do remédio
ocorreu porque a médica de Mateus alterou a dosagem do anticoagulante
sem prévia comunicação com o Governo, informação rebatida pela família e pela médica. Um segundo lote do medicamento com 22 ampolas foi enviado pela Bahia
para o garoto. Há cerca de uma semana, enfim, o Cepotrin encomendado
pelas autoridades de Pernambuco chegou – mas não havia mais tempo para o
pequeno Matheus.
Fonte : NE10
Fonte : NE10
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