DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Transpetro suspende contrato com o Estaleiro Atlântico Sul



Foto: Guga Matos/JC Imagem
Após a entrega do primeiro navio feito pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), o João Cândido, com 20 meses de atraso, a Transpetro suspendeu o contrato com o empreendimento pernambucano. Na sexta-feira (25), quando a embarcação ganhou os mares, a subsidiária da Petrobras na área de logística já havia multado o EAS, já que teve que arcar com o afretamento de embarcações enquanto aguardava o João Cândido. O valor do encargo não foi divulgado, mas vai depender das cláusulas do contrato.
Com a suspensão, o Estaleiro tem até o dia 30 de agosto para encontrar um novo parceiro tecnológico, após a coreana Samsung ter se retirado da sociedade no início do ano. Além disso, terá que apresentar um novo plano de ação, incluindo um cronograma de construção. E a fiscalização promete ser dura. A Transpetro vai criar um Sistema de Acompanhamento da Produção (SAP), para, como o nome já diz, acompanhar de perto da construção e os gargalos em todas as empresas que tem contratos.
"Sem competência não dá, nem para o Estaleiro nem para nós. O que interessa não é brigar para acabar um navio. Temos que implantar uma indústria naval competitiva em nível mundia", disse o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em entrevista ao jornal O Globo. A estatal tem uma encomenda de 22 petroleiros ao EAS, mas suspendeu o contrato de 16, já que os outros 6 vão contar com a tecnologia da Samsung, mesmo após sua saída da sociedade, como previsto no contrato.
No fundo, a suspensão do contrato é uma questão muito mais política. Há meses ventila-se a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff tirar Machado do comando da Transpetro exatamente por estar insatisfeita com os atrasos. Em janeiro, ela chegou a comunicar ao PMDB que pretendia fazer a mudança, mas desistiu para não criar uma crise com a base aliada. No ato de entrega do João Cândido, a presidente recusou o convite de comparecer ao evento e enviou a presidenta da Petrobras, Graça Foster, que entrou muda e saiu calada da cerimônia.
A dor de cabeça da indústria naval pernambucana começou logo no início da construção do João Cândido, por causa da falta de mão de obras especializada e atrasos na entrega de guindastes por causa da falência da empresa fornecedora. No fim das contas, o EAS recebeu apenas os R$ 363 milhões estabelecido no contrato com a Transpetro, enquanto que o valor total da embarcação soma R$ 495 milhões.

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