DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Regulação da Mídia Já...



Dilma Rousseff está "cortando gastos desnecessários, examinando as contas com uma lupa". Esse corte bateu onde a mídia que bate não esperava: nela própria.
Quase 60% do que as grandes empresas de mídia recebem, vem do poder público. A grana entra através da propaganda do Banco do Brasil, da Petrobras, da Caixa, Correios e do próprio governo.
E é muita grana. Os Marinhos, da Globo, e os Civita, da Veja, estão entre os mais ricos do país mostra a Forbes.
Essa gente também recebe empréstimos a juros subsidiados do Bndes e tem isenção de impostos, como o da compra do papel.
O corte de gastos chegou aí. E isso eles não aceitam.
Quando o Jornal da Globo manda o governo cortar gastos está falando desses malditos programas sociais, do intervencionista apoio à safra agrícula e no exagero que é financiar casas para milhões com esse Minha Casa Minha Vida.
“O PT busca golpear as receitas publicitárias dos veículos de informação – o que poderia redundar, no futuro, no controle de conteúdo pelo governo". Isso está na Veja, defensora do mais puro capitalismo, desde que com eles mamando nas tetas do erário.
A publicidade na VEJA já foi cortada, e falamos aqui, é pouco! A audiência decadente da TV Globo não justifica que essa gente receba 80% dos recursos do bolo publicitário. E isso vai pra tesoura, obviamente.
Em entrevista, Dilma defendeu o fim dos "monopólios e oligopólios onde tem concessão pública". O que significa isso além da Globo? Nos EUA é proibida a propriedade cruzada nos meios de comunicação, ou seja, o mesmo grupo não pode ter TV, Rádio, revista, jornal e portal. O que seria isso no Brasil? Globo...Veja, ora só.
Na Inglaterra a regulação da mídia mudou a qualidade das comunicações. Os famosos tabloides sensacionalistas, escandalosos e mentirosos deram lugar aos veículos mais sérios, informativos e propositivos.
E todo mundo fala sem censura. O Brasil, tudo indica, também vai chegar lá.

  • Goste muito também da matéria de Paulo Henrique Amorim que segue abaixo:

Ontem, logo após a entrevista da Presidenta Dilma Rousseff, postei aqui minha sugestão que o tão desejado corte nas despesas públicas comece pela mídia.
Hoje, tenho a ótima companhia de Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo que aprofunda e quantifica o que chama de “Bolsa Imprensa” que os governos brasileiros sempre concederam ao baronato de uma mídia decadente – em qualidade e controle da comunicação – neste país.
Ninguém está sugerindo que se pare de veicular publicidade nos veículos privados, ou que para isso eles apoiem o governo.
Mas há medidas de austeridade a tomar.
É muito “bonito” criticar o gasto de R$ 1 bilhão em obras públicas e receber R$ 1 bilhão (só no 1° turno, R$ 839 milhões), sem esforço algum, pela veiculação do horário eleitoral em suas concessões públicas de rádio e televisão, sem que para isso gaste um ceitil ou deixe de faturar outros.
Não me consta que suas tabelas de preço baseadas em grade de programação tivessem sido canceladas. Ou alguém viu a novela sem comerciais, já que o seu horário normal foi pago pelos cofres públicos?
Gastar menos e gastar melhor.
Porque não faz sentido que a televisão – leia-se: a Globo – tenha a mesma parcela nas verbas se não tem, faz muito tempo, a mesma participação na comunicação.
Idem o da escolha de perfis de público, que é parte de uma “mídia técnica” e não um fator estranho a ela.
Ou será que um anúncio da Petrobras,  publicado num blog de política e economia, será menos eficiente do que um anúncio na Contigo?
Dinheiro de publicidade é gasto público, tanto quanto qualquer outro. Deve seguir o princípio da economicidade, da eficiência.
Fazer o que se pretende – informar ou promover empresas públicas, comportamentos e atitudes – com o menor gasto possível.

A mídia não quer que o governo mexa no ‘Bolsa Imprensa’

Paulo Nogueira
“O PT  busca golpear as receitas publicitárias dos veículos de informação – o que poderia redundar, no futuro, no controle de conteúdo pelo governo.”
Está na Veja, e raras vezes ficou tão clara a dependência financeira e mental que as grandes corporações jornalísticas têm do dinheiro público expresso em publicidade federal.
Havia, naquela frase, uma alusão à decisão do governo de deixar de veicular propaganda estatal na Veja, em consequência da capa criminosa que a revista publicou às vésperas das eleições.
Era o mínimo que se poderia fazer diante da tentativa de golpe branco da Abril contra a democracia.
Mas a revista fala em “golpear as receitas publicitárias” da mídia corporativa.
A primeira pergunta é: as empresas consideram direito adquirido o ‘Bolsa Imprensa’, o torrencial dinheiro público que há muitos anos as enriquece – e a seus donos – na forma de anúncios governamentais?
Outras perguntas decorrem desta primeira.
Que capitalismo é este defendido pelas empresas jornalísticas em que existe tamanha dependência do Estado e do dinheiro público?
Elas não se batem pelo Estado mínimo? Ou querem, como sempre tiveram, um Estado-babá?
Os manuais básicos de administração ensinam que você nunca deve depender de uma única coisa para a sobrevivência de seu negócio.
E no entanto as grandes empresas de comunicação simplesmente quebrariam, ou virariam uma fração do que são, se o governo federal deixasse de anunciar nelas.
Tamanha dependência explica o pânico que as assalta a cada eleição presidencial, e também ajuda a entender as manobras que fazem para eleger um candidato amigo.
Essa festa com o dinheiro público tem que acabar, e famílias como os Marinhos e os Civitas têm que enfrentar um choque de capitalismo: aprender a andar sem as muletas do dinheiro público.
Ou, caso não tenham competência para sobreviver num universo sem favorecimentos, que quebrem. O mercado as substituirá por empresas mais competitivas.
Não são apenas anúncios: são financiamentos a juros maternais em bancos públicos, são compras de lotes de assinaturas de jornais e revistas, são aquisições enormes de livros da Abril, da Globo etc.
Numa entrevista a quatro jornais, ontem, Dilma disse que o novo governo vai olhar com “lupa” as despesas, para equilibrar as contas e manter sob controle a inflação.
Não é necessária uma lupa para examinar as despesas com publicidade.
Entre 2003 e 2012, elas quase dobraram, segundo dados do Secom. De cerca de 1 bilhão de reais, foram para as imediações de 2 bilhões ao ano.
Apenas a Globo – com audiência em franca queda por causa da internet – recebeu 600 milhões de reais em 2012.
Um orçamento base zero, como os livros de gestão recomendam, evitaria a inércia dos aumentos anuais do governo com esse tipo de despesa.
Murdoch, em seu império mundial de mídia, tem dependência zero de publicidade de governos.
Banco estatal nenhum financia seus empreendimentos, e por isso ele quase quebrou na década de 1990 quando não conseguiu honrar os empréstimos para ingressar na área de tevê por satélite.
Foi obrigado a se juntar a um rival em tevê por satélite. Só agora Murdoch teve os meios para tentar comprar a outra parte, mas o governo inglês negou por conta do escândalo do News of the World.
Ele se bate pelo capitalismo, e pratica o capitalismo.
As empresas jornalísticas brasileiras pregam o capitalismo, mas gostam mesmo é de cartório.
E julgam, pelo que escreveu a Veja, que até o final dos tempos estão aptas a receber o Bolsa Imprensa.

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