DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Polícia Federal faz operação contra esquema que movimentava mais de R$ 1 bilhão

Pernambuco dá Sorte e A Paraibana estão envolvidos no esquema, afirma PF

A Polícia Federal deflagrou, na madrugada desta quarta-feira (12), a operação Trevo para desbaratar uma quadrilha bastante organizada que agia de forma ilícita na prática de jogo do bicho, exploração de máquinas caça-níqueis e emissão de bilhetes de loterias "disfarçados" de títulos de capitalização, este último na modalidade popular. A operação contou com o apoio da Receita Federal do Brasil e da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS).

O grupo agia em 13 estados brasileiros e, segundo as investigações, a base do esquema fraudulento estava justamente em Pernambuco sob o comando do Grupo da Sorte, dono do Pernambuco dá Sorte. Equipes da Polícia Federal foram à sede da empresa, na Avenida Caxangá, Zona Oeste da Capital, para fiscalizar e analisar documentos. Outros quatro endereços, esses residenciais na Zona Sul, também estão sendo alvo de fiscalização. Os investigados podem responder pela prática do crime de contrabando, crime contra o Sistema Financeiro Nacional, jogo de azar e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas ultrapassam o limite de trinta anos.

De acordo com as apurações da Polícia Federal, que vem ocorrendo deste o início deste ano, três grupos formavam a quadrilha: o Grupo Dá Sorte, responsável pelo título de capitalização popular Pernambuco dá Sorte, com ampla comercialização em Pernambuco, A Paraibana, com sede no estado homônimo e vinculado ao jogo do bicho nos nove estados do Nordeste, e Shock Machine, que supostamente atua com montagem de máquinas caça-níqueis programáveis através de um jogo chamado Showball, com sede em São Paulo.

As investigações da PF tiveram início a partir de informações passadas pela Polícia Federal do Rio Grande do Norte, por meio de uma operação chamada Forró, que investigou a prática ilegal de jogo do bicho e máquinas caça-níquel. Nos últimos quatro anos, explicou a superintendência regional da PF em Pernambuco, o esquema fraudulento movimentou cerca de R$ 1 bilhão. Grande Parte do dinheiro seguia para uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) em Belo Horizonte, chamada Instituto Ativa, que serviria de fachada para que ele retornasse aos suspeitos.

Até o momento, 32 mandados de prisão temporária e preventiva estão sendo executados, sendo 24 de preventiva em Pernambuco, 57 mandados de busca e apreensão, 47 mandados de sequestro de valores, sequestro de bens imóveis e de automóveis de luxo. Todos os mandados estão sendo executadas simultaneamente nos estados de Pernambuco, Alagoas, Amazonas, Bahia, Espirito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande de Sul. As investigações vêm acontecendo há pelo menos um ano com a participação de cerca de 300 agentes policiais. 

No Recife, segundo com a Polícia Federal, já foram apreendidos vários carros de luxo, como BMW, Land Rover, Mustang e Pajero, além de uma grande quantidade de dinheiro em espécie, documentos, computadores e mais de 100 máquinas caça-níqueis em todos os estados através da Receita Federal. Um policial militar, que possui imóveis onde supostamente funcionavam cassinos clandestinos, foi preso pelo envolvimento com máquinas caça-níqueis. 

A PF informou ainda que a comercialização do título de capitalização popular Pernambuco dá Sorte está proibida, assim como todos os títulos vendidos por empresas com ligações com o Grupo da Sorte. Um balanço geral da operação Trevo deve ser divulgado no fim da tarde de hoje, de acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Federal. 

Esquema fradulento


As investigações da Polícia Federal descobriram uma suposta rede criminosa bastante articulada e complexa que se beneficiava da boa fé das pessoas que tentavam mudar de vida através dos prêmios pagos pelas apostas. O esquema, embora as empresas acusadas sejam independentes, atuava de forma harmônica, fraudando contabilidades, o que caracterizou o crime de lavagem de dinheiro. 

Segundo a Polícia Federal, o grupo Shock Machine, com ramificação em Pernambuco, era responsável por montar e distribuir máquinas caça-níveis com placas de memória e softwares de jogos de azar adulterados, além de que todos os compenentes eram provenientes da China, burlando a fiscalização da Receita Federal e configurando o crime de sonegação fiscal. Nas investigações, a PF descobriu casas de jogos de azar da Região Metropolitana do Recife (RMR) conhecidas como Showball. 

A segunda célula do esquema seria a o grupo A Paraibana, com forte atuação no jogo do bicho, que era responsável pelo “descarrego”, prática delituosa que consiste na operação de seguro clandestino, em que o bicheiro adquire apostas altas de outras bancas de jogo do bicho e assume os riscos do pagamento das premiações. O dinheiro movimento por essas bancas era admistrados através de contas bancárias em nomes de laranjas, caracterizando lavagem de dinheiro. 

A terceira organização criminosa, segundo a PF, é a mais complexa e sofisticada e seria comandada pela família Pascoal, resposnável pelas empresas do Grupo da Sorte, que se estende em nove estados brasileiros, como Pernambuco da Sorte (PE), Goiás da Sorte (GO), Carimbó da Sorte (PA), Alagoas da Sorte (AL), Piauí Cap (PI) e Capixaba Cap (ES), entre outros. Pela lei, quem compra esses títulos tem a expectativa de receber um prêmio e o direito de reaver até 50% do dinheiro investido após um determinado período, exceto quando autoriza que o percentual seja revertidos a instituições filantrópicas, como uma Oscip. No entanto, o esquema repassava só 1,67% aos institutos filantrópicos. 

“No caso do Grupo da Sorte, quando o cidadão adquiria o título, já constava de forma expressa na cartela que ele estava doando o valor a que ele tem direito ao Instituto Ativa Brasil. Mas esta instituição é administrada por funcionários do próprio Grupo da Sorte e serve exclusivamente para desviar dinheiro do povo para o patrimônio dos empresários ligadoss ao Gurpo da Sorte”, explicou o Bernardo Torres, delegado federal de combate ao crime organizado. O advogado da empresa, Alexandre Lustosa, informou que está tomando conhecimento dos autos para se procunciar. A reportagem tentou entrar contato com o Instituto Ativa Brasil, mas as ligações para o número que consta no site da empresa não foram atendidas.  

As investigações apuraram a utilização de múltiplas contas bancárias paraa movimentar e dificultar o rastreamento do dinheiro desviado. “Os administradores tinham a preocupação de conferir a legalidade do negócio, contando com sorteio de prêmios veiculados em canais abertos de TV. A atuação era a distribuição de títulos de capitalização pela Sulacap Capitalização, com sede no Rio de Janeiro, e pela Aplub, com sede no Rio Grande do Sul”, destacou Torres. 

Somente para o Instituto Ativa Brasil, com sede em Belo Horizonte, foram desviados mais de R$ 500 milhões nos últimos quatro anos. Além disso, a PF informou que um funcionário da Aplub, com sede em Porto Alegre, estaria tentanto implantar a prática da venda dos títulos de capitalização nos Estados Unidos. “Estamos dando sequência às investigações por que ainda há muito o que ser desvendado. Todos os bens estão bloqueados e a Justiça vai se encarregar de punir os responsáveis por este esquema que enganou milhares de pessoas”, destacou o superitendente da Polícia Federal em Pernambuco, Marcelo Cordeiro.

Fonte : Diário de Pernambuco

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