DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

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terça-feira, 1 de abril de 2014

Estudante de história se interessa pelo programa de TV de Eduardo e Marina



Assisti ao programa eleitoral do PSB-Rede – uma espécie de reinvenção da Santíssima Trindade para política; com Marina-Eduardo as figuras do pai e da filha, com o Espírito Santo se encarnando e se representando na pombinha branca da bandeira psedebista (como explicar que um mesmo partido ao mesmo tempo é dois ou três?).
Mas, vamos deixar as questões teológicas e filosóficas para um outro post. Vamos ao que interessa nesse: a propaganda eleitoral que buscou apresentar os “filhos da esperança” ao “inferno” vivido pelo povo brasileiro. Um programa bonitinho, arrumadinho, intimista, como alguns gostam de pontuar. Diria com um forte teor cristão intimista, tentando separar o bem do mal, a esperança do caos. Contudo, seu lastro factível o torna um discurso frágil, que não resiste a uma brisa de realidade.
O primeiro ponto insustentável, é o que anuncia a “nova política” como uma nova lei das doze tábuas da política brasileira. É muita hipocrisia assumir e defender este discurso quando se está rodeado de figuras como Heráclito Fortes, a família Bornhausen, Jarbas Vasconcelos, Marco Maciel, Mendonça Filho, Ronaldo Caiado, Roberto Freire, Severino Cavalcanti, Inocêncio Oliveira e mais uma trupe da mesma estirpe.
Como se pode falar em limpar as raposas de Brasília e firmar um novo pacto político estando rodeado de figuras tão pouco ortodoxas? Não seria mais justo e mais digno dizer: quero enxotar as raposas que estão lá agora para poder aninhar as minhas em seguida.
O pacto que quero firmar não é com o povo, mas como os meus eleitos. Segundo, como podem falar em política feita em cima de um tablado, na horizontal, sem impor vontades e hierarquias, quando o ilustríssimo governador (como um velho pai, um patriarca dos antigos engenhos coloniais) empurrou goela abaixo a sua chapa majoritária para a eleição no estado? Colocando para disputa do cargo de governador alguém que nunca disputou qualquer cargo eletivo, apenas pelo fato de ser seu apadrinhado e tutelado.
Como podem criticar o Governo Federal por não escutar o povo, se esta foi a principal postura adotada pelo governo Eduardo Campos no estado, silenciando movimentos grevistas, reprimindo qualquer tipo de manifestação ou reivindicação contrária a seu governo, impondo suas vontades e interesses sem o mínimo de diálogo com a sociedade, com o povo.
Como podem falar em sustentabilidade, em desenvolvimento sustentável quando a menina dos olhos do pai, digo governador, Suape, tem causado impactos ambientais enormes e irreversíveis em toda a área de sua implantação e adjacências – os ataques de tubarão e as vitimas deles nas praias de Recife e Jaboatão que o digam (quer dizer, não sei quem é mais vítima, os tubarões ou os banhistas?).
Como podem falar em melhorar a educação, quando o estado de Pernambuco paga um dos piores salários do país aos professores e que trata os mesmos como escravos produtivistas, onde ganha mais quem produz mais, como se a educação fosse mais um bem valorado na mesma escala produtivista de qualquer outro bem de consumo. Como podem criticar a gestão da saúde no Brasil e falar em saúde de qualidade quando o governo Eduardo Campos privatizou a saúde no estado, assumindo a incompetência do seu governo em geri-la.
Diante destas e de outras fragilidades, insustentáveis, só restou a ambos apelar para a estratégia de sempre: a demonização do adversário, a imposição o medo, seguindo o mesmo discurso da direita de sempre, aquela que tem um D a mais no nome do partido – hoje a única coisa que a distingue do PSB.
Apelando para o descontrole da inflação, mesmo esta estando dentro da meta a 10 anos. Apelando para o catastrofismo em torno da Petrobrás, quando esta teve o maior lucro líquido de uma petroleira no ano anterior e tendo descoberto e já está explorando as maiores reservas de petróleo dos últimos tempos.
Apelando para a redução do poder de compra do trabalhador, quando todas as pesquisas apontam para o seu aumento progressivo e continuado, batendo recordes atrás de recordes num país que vive numa situação de pleno emprego. Por estas e por outras este é um discurso que não resiste a uma brisa de realidade.
A capotagem à direita do governador parece que lhe tirou aquilo que mais lhe caracterizava, a capacidade de leitura da realidade e a produção de um discurso ancorado nela. Parece ter substituído a realidade pelo desejo e pela crença, acentuada ainda mais pelo contato com o fundamentalismo marinista, bem aos moldes do discurso midiático que hoje o incensa. Foi seduzido pelo canto da sereia

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