DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

DIÁRIO POLÍTICO DE FEIRA NOVA

terça-feira, 30 de novembro de 2010

FRASE DO DIA

"Engraçado. A imprensa gostaria que eu conversasse com o DEM, por acaso? ”

Dilma, sobre a influência de Lula na escolha de seu ministério

Mais de 20% já não se lembram a quem deram voto

Em dia de eleição, a lei proíbe o consumo de álcool. Pesquisa feita pelo TSE indica, porém, que um pedaço do eleitorado pode ter votado de pileque.

Entre os dias 3 e 7 de novembro, pesquisadores da Justiça Eleitoral realizaram 2.000 entrevistas em 136 municípios.

Um pedaço do questionário destinou-se a aferir o taxa de amnésia do eleitorado. Muitos dos entrevistados pareceram sobreviventes de uma ressaca.

Diz o TSE que 23% dos eleitores já não se lembram em quem votaram para deputado estadual.

Outros 21,7% não têm a mais remota idéia dos candidatos em quem votaram para deputado federal. Senado? 20,6% não souberam declinar os nomes.

O questionário não previa, mas os pesquisadores poderiam per perguntado: A eleição foi outro dia e você já com amnésia? Decerto pensaram: Ah, esquece!

É isso aí...

PMDB ‘perde’ 3 pastas e aguarda por ‘contrapartidas’


Miran

Dos seis ministérios que chama de seus, o PMDB deve perder três: Comunicações, Integração Nacional e Saúde.

O primeiro, Dilma Rousseff planeja entregar ao petista Paulo Bernardo. O Segundo, ela cogita repassar ao PSB. No terceiro, deseja acomodar um “especialista”.

Numa quarta cadeira, a de ministro da Defesa, Dilma manterá, a pedido de Lula, Nelson Jobim.

Embora Jobim seja um filiado histórico do PMDB, sua renomeação não é apropriada como ativo do partido.

De concreto, por ora, o PMDB recebeu de Dilma duas sinalizações: Wagner Rossi, ligado a Michel Temer, pode ser mantido no Ministério da Agricultura.

E a pasta de Minas e Energia, na qual José Sarney almeja realocar o senador Edison Lobão, deve permanecer sob o guarda-chuva da legenda.

E quanto à “perda” de Comunicações, Integração e Saúde? O partido não obteve, por ora, garantias de que será compensado do modo que deseja.

Nos arredores de Dilma, diz-se que, fechada a contabilidade ministerial, o PMDB deve encolher. Afora Agricultura e Minas e Energia levaria mais duas pastas.

Considerando-se que a própria legenda enxerga Jobim como parte da cota pessoal de Dilma, teria quatro ministérios em vez de meia dúzia.

Restaria, assim, definir as duas cadeiras restantes. O PMDB mira no alto. Cobiça Cidades e Transportes, dois escaninhos apinhados de obras do PAC.

Tem alguma chance de emplacar Wellington Moreira Franco na pasta das Cidades. Hoje, é do PP. Uma legenda que preferiu a “neutralidade” ao apoio formal a Dilma.

A cessão dos Transportes ao PMDB, porém, indisporia Dilma com o PR, que gere o ministério sob Lula e apoiou Dilma na primeira hora, dando-lhe o tempo de TV.

Sempre barulhento, o PMDB pôs de lado, momentaneamente, o trombone. Exibe um silêncio incomum.

A legenda submete-se à articulação do vice-presidente eleito Michel Temer, a quem credenciou como comandante do exército das nomeações nacionais.

Temer cuidou de mandar ao freezer o chamado blocão, uma aliança de partidos que, urdida pelo líder Henrique Eduardo Alves, reúne 202 deputados.

A esperteza foi congelada por duas razões. Primeiro porque Dilma pediu. Segundo porque Temer e outros caciques pemedebês viram na manobra um erro.

Há no tal bloco legendas com as quais o PMDB disputa a partilha da Esplanada. Entre elas o PP das Cidades e o PR dos Transportes.

Ao empinar o blocão, Henrique Alves como que credenciou os rivais, emprestando-lhes o peso do PMDB. Daí, principalmente, a meia volta.

A despeito do silêncio, ouvem-se longe dos refletores os queixumes. Alega-se que o bom comportamento do PMDB contrasta com a sem-cerimônia do PT.

No Senado, integrantes do grupo de Sarney e do líder Renan Calheiros olham de esguelha para a migração de Paulo Bernardo.

Não parecem conformados com a pretensão de Dilma de transferir o amigo petista do Planejamento para as Comunicações, um feudo do PMDB do Senado.

Dali saiu o senador Hélio Costa, candidato derrotado do PMDB ao governo de Minas.

Junto com a pasta vai ao controle do PT a engrenagem dos Correios. Para Dilma, um ninho de problemas. Para o PMDB, um celeiro de cargos e negócios.

Não é só: a turma de Sarney e Renan fareja uma marcha petista em direção a cadeiras do sempre cobiçado sistema Eletrobras.

Há mais: o PMDB da Câmara inquieta-se com outros dois movimentos do PT.

Num, enxerga-se o interesse em retirar da diretoria Internacional da Petrabras Jorge Zelada, um apadrinhado da bancada de deputados do PMDB.

Noutro, vislumbra-se um ataque petista a Furnas, estatal na qual o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) manda e, sobretudo, desmanda.

Entre todos os congressistas do PMDB, Cunha talvez seja o mais afeito ao barulho. Quando contrariado, costuma causar problemas.

O PMDB espera receber até o final de semana indicações mais precisas quanto à forma como Dilma pretende tratar o partido.

Para saber se o PMDB considera-se atendido à altura, basta observar o trombone. Se começar a tocar...

CHARGE DO DIA

Comprovante do CPF pela internet


Muita gente desconhece, mas quem tiver o documento de CPF extraviado e não tiver outro meio para provar a inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas pode imprimir pela internet um comprovante de inscrição, no site da Receita Federal (www.receita.fa zen da.gov.br).
Para fazer a impressão pelo computador é preciso criar um código de acesso, com validade de dois anos. Desde o último mês de setembro o CPF tem novas regras em vigor, incluindo a expedição da segunda via do documento.


A autenticidade do comprovante de inscrição pode ser verificada por qualquer interessado, como comércio e instituições de crédito, no endereço eletrônico da Receita. A impressão deste comprovante pode ser feita quantas vezes forem necessárias, ficando disponível ao cidadão sempre que ele solicitar o serviço via internet, sem custo.


Interessados em conhecer mais detalhes sobre as mudanças devem consultar a Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1042. É importante lembrar que o cartão antigo do CPF emitido em conformidade com a legislação anterior continua válido como antes.

Além disso, qualquer documento oficial que contenha o número do CPF substitui o próprio cartão CPF, dentre os quais a Carteira Nacional de Habilitação e a Carteira de Trabalho e Previdência Social.

Foragido da Operação Desmanche é preso em Feira Nova

Policiais militares prenderam, às 11h30 do último domingo (28), Aldo de Vasconcelos Silva, 35 anos, conhecido como “Branco da oficina”. Contra ele, existia um mandado de prisão em aberto, da Operação Desmanche.
Ele foi preso quando policiais faziam uma ronda zona rural de Feira Nova. Após a prisão, Aldo foi levado para a delegacia de plantão de Limoeiro. De lá, foi levado para a penitenciária Dr. Enio Pessoa Guerra, no mesmo município.

O suspeito, de acordo com a polícia, está envolvido em desmanches de veículos e foi alvo da Operação Desmanche.

Números do Censo revelam: somos mais de 190 milhões de brasileiros


Segundo o IBGE, crescimento da população na última década foi de 12,3%

Do Terra

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta segunda-feira o resultado do Censo 2010: o País tem população de 190.732.694. O número foi estabelecido para a 1º de agosto deste ano, data de referência da pesquisa. No início do mês, o IBGE havia divulgado dados iniciais da pesquisa. O número, relativo à pesquisa feita até 31 de outubro, apontava população de 185,7 milhões.

Em comparação com o Censo 2000, ocorreu um aumento de 20.933.524 pessoas. Esse número, conforme o instituto, demonstra que o crescimento da população brasileira no período foi de 12,3%, inferior ao observado na década anterior (15,6% entre 1991 e 2000). O Censo 2010 mostra também que a população é mais urbanizada que há 10 anos: em 2000, 81% dos brasileiros viviam em áreas urbanas, agora são 84%. Foram quatro meses de coleta e supervisão de dados. Trabalharam no processo, segundo o instituto, 230 mil pessoas, sendo 191 mil recenseadores.

Diferenças regionais

A região Sudeste segue sendo a região mais populosa do Brasil, com 80.353.724 pessoas. Entre 2000 e 2010, perderam participação as regiões Sudeste (de 42,8% para 42,1%), Nordeste (de 28,2% para 27,8%) e Sul (de 14,8% para 14,4%). Por outro lado, aumentaram seus percentuais de população brasileira as regiões Norte (de 7,6% para 8,3%) e Centro-Oeste (de 6,9% para 7,4%).

Entre as unidades da federação, São Paulo lidera com 41.252.160 pessoas. Por outro lado, Roraima é o Estado menos populoso, com 451.227 pessoas. Houve mudanças no ranking dos maiores municípios do País, com Brasília (de 6º para 4º) e Manaus (de 9º para 7º) ganhando posições. Por outro lado, Belo Horizonte (de 4º para 6º), Curitiba (de 7º para 8º) e Recife (8º para 9º) perderam posições.
Homens e mulheres

Os resultados mostram que existem mais 3,9 milhões de mulheres a mais que homens no Brasil, ou seja, há 95,9 homens para cada 100 mulheres. Em 2000, para cada 100 mulheres, havia 96,9 homens. A população brasileira é composta por 97.342.162 mulheres e 93.390.532 homens. Entre os municípios, o que tinha maior percentual de homens era Balbinos (SP). Já o que tinha maior percentual de mulheres era Santos (SP).

Centenários

O Censo 2010 apurou ainda que existiam 23.760 brasileiros com mais de 100 anos. Bahia é a unidade da federação a contar com mais brasileiros centenários (3.525), São Paulo (3.146) e Minas Gerais (2.597).

Domicílios recenseados

Segundo o IBGE, foram visitados 67,6 milhões de domicílios e ao menos um morador forneceu informações sobre todos os moradores de cada residência. A partir do dia 4 de novembro, o IBGE realizou um trabalho de supervisão e controle de qualidade de todo material coletado, em conjunto com as Comissões Censitárias Estaduais (CCE) e das Comissões Municipais de Geografia e Estatística (CMGE,) em todas as 27 Unidades da Federação e nos municípios brasileiros.

Do total dos 67,6 milhões de domicílios recenseados, os moradores foram entrevistados em 56,5 milhões de domicílios. Foram classificados como fechados 901 mil domicílios, em que não foi possível realizar as entrevistas presenciais, mas havia evidências de que existiam moradores. Nesses casos, o IBGE utilizou uma metodologia para estimar o número de pessoas residentes nesses domicílios fechados. A metodologia consiste em atribuir a cada domicílio fechado o número de moradores de outro domicílio, que havia sido inicialmente considerado fechado e depois foi recenseado. A escolha foi aleatória, levando em conta a unidade da federação, o tamanho da população do município e a situação urbana ou rural.

O Censo Demográfico encontrou ainda 6,1 milhões domicílios vagos, ou seja, aqueles que não tinham morador na data de referência, mesmo que, posteriormente, durante o período da coleta, tivessem sido ocupados. Prédios em construção, casas colocadas à venda (ou de aluguel) e abandonadas são exemplos de domicílios vagos. Os domicílios de uso ocasional, que somaram 3,9 milhões, são aqueles que servem ocasionalmente de moradia, usados para descanso de fins de semana, férias ou outro fim. Já o número de domicílios coletivos (hotéis, pensões, presídios, quartéis, postos militares, asilos, orfanatos, conventos, alojamento de trabalhadores, etc) foi de 110mil. Em 2000, do total de 54,2 milhões de domicílios, 45 milhões eram ocupados, 528 mil fechados, 6 milhões vagos e 2,7 milhões de uso ocasional.

Iniciado em 1º de agosto de 2010, os 191 mil recenseadores percorreram os 5.565 municípios brasileiros e as entrevistas implicaram no recenseamento da população por meio de três métodos: entrevista presencial, questionário pela Internet e, por fim, a estimação do número de moradores em domicílios fechados.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Força, Rio!



Força, Rio! - Parte 1

A reação dos cariocas: a população dá apoio às ações do governo, que enfrentou com força e inteligência os ataques do tráfico. O crime organizado não se conforma com o sucesso das Unidades de Polícia Pacificadora

Francisco Alves Filho e Wilson Aquino

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TERÇA-FEIRA,


23 de novembro Carro incendiado em avenida no centro da cidade.


Bombeiros combatem o fogo

O estado responde ao crime

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QUINTA-FEIRA,


25 de novembro Blindados da Marinha se unem


à PM para garantir a retomada da Vila Cruzeiro

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GUERRA


Policiais do Bope entram na Vila Cruzeiro e traficantes


fogem em debandada para o Complexo do Alemão

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Com um tiro certeiro de cidadania e autoridade, o governo do Rio de Janeiro conseguiu finalmente alvejar um inimigo que há décadas aterroriza a população do Estado. O tiro tem nome e sigla: Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, projeto de policiamento comunitário que já resgatou nos últimos dois anos mais de 300 mil favelados do mundo de terror instaurado historicamente pelos traficantes de drogas. O inimigo que foi gravemente ferido é o crime organizado. Ao instalar as UPPs em favelas, o governador Sérgio Cabral rompeu com a ordem até então vigente nas comunidades carentes: a violência dos bandidos é que determinava o que podia ou não ser feito. As armas eram a lei e o crime organizado detinha o controle territorial. Isso acabou nas 12 comunidades pacificadas até agora, atingindo diretamente a receita do narcotráfico. Na semana passada, a reação veio forte e orquestrada. Do domingo 21 até a quinta-feira 25, o Rio viveu dias de pânico. Através de arrastões e atentados que atingiram sobretudo o patrimônio privado e público, com carros particulares e ônibus urbanos queimados (cerca de 100), cabines da Polícia Militar metralhadas (três PMs feridos até a tarde da sexta-feira 26) e falsas ameaças de bombas, os criminosos impuseram um onda de terror sobre toda a população, no momento em que a Cidade Maravilhosa se prepara para eventos como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

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BLINDADOS


Dão segurança ao Bope

O carioca foi pego de surpresa, mas, ao contrário do que ocorre há décadas, desta vez o governo estava preparado. Tinha a sua disposição um serviço de inteligência capaz de se antecipar e uma política de enfrentamento estrategicamente definida, em que não cabe negociação com o tráfico. “Já esperávamos que os criminosos reagissem às UPPs e isso é a prova de que estamos no caminho certo”, diz o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Um dos primeiros sinais captados pelo Estado de que o tráfico partiria para ações terroristas veio com a informação de que estava se consumando a união entre duas facções criminosas: Comando Vermelho (CV) e Amigo dos Amigos (ADA). Dias antes do início dos atentados, o Serviço de Inteligência instalado no terceiro andar do edifício da Secretaria de Segurança havia detectado que uma leva de marginais da facção Amigo dos Amigos se deslocara até o Complexo do Alemão, base do Comando Vermelho. Antes numa relação de gato e rato, agora essas duas facções se tornavam carne e unha para sangrar a população. O Serviço de Inteligência descobriu que os visitantes pernoitaram no novo endereço, ou seja, uma aliança estava se formando. Claro que ela iria agir militarmente para forçar o governo a uma negociação política que restringisse a presença de UPPs nos morros. Não funcionou.

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Na quinta-feira o governo reagiu. Com o apoio logístico e de nove blindados da Marinha, o Bope subiu as estreitas ruas da Vila Cruzeiro, no complexo do Alemão, uma região controlada pelo tráfico e onde estava instalado o QG da bandidagem que desde o domingo barbarizava o Rio. Capitães Nascimento – não o do filme mas aqueles que dão e levam tiro de verdade – eram aplaudidos por onde passavam, numa rara manifestação de apoio da população às suas forças policiais. Bandido, quando assalta, diz à sua vítima: “Perdeu!” Dessa vez, foi como se os cariocas, ao apoiarem francamente o governo (só na quinta-feira foram mais de mil ligações ao disque-denúncia, recorde absoluto desde a sua criação em 1995), falassem em coro: “Vocês perderam!”. Diante do avanço policial, os traficantes fortemente armados fugiram desesperados como quem foge de um tsunami – no caso, um tsunami de autoridade e cidadania, que começou a mudar as regras do jogo imposto nos morros cariocas há mais de três décadas.

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Assim como a população do Rio foi surpreendida pelos ataques promovidos covardemente pelo tráfico, os traficantes também foram pegos de surpresa pela reação policial, que tinha conhecimento prévio do que estava para ocorrer. “Eu estou aqui aguardando a UPP: a bala vai comer sério”, dizia uma carta ameaçadora apreendida no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná, onde chefões do narcotráfico cumprem pena e para o qual foram sumariamente enviados todos os 192 presos na última semana, sob a acusação de promoverem os atentados. Se o objetivo da bandidagem era provocar uma negociação, o tiro saiu pela culatra. “Não tem negociação. Acordo com traficante é cadeia”, disse à ISTOÉ o governador Sérgio Cabral. Esse está sendo de fato o destino dos narcotraficantes e, para isso, o governo vale-se sobretudo de seu Serviço de Inteligência. Munido de 15 computadores destinados exclusivamente a interceptações telefônicas e de outros dois que armazenam mil horas de vídeo em alta definição e um milhão de diálogos gravados, o Serviço de Inteligência tem hoje a capacidade de cruzar dados com precisão, descobrindo novos traficantes e suas andanças pelos morros.

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ISOLADOS


Na sexta-feira 26, dois traficantes tentam intimidar


na favela da Grota, no Complexo do Alemão

No campo das diversas táticas que formatam tal estratégia, pontualmente na semana passada foi montado um Centro de Gestão de Crise no 22º Batalhão da PM, no Complexo da Maré, na zona norte. Na segunda-feira 22 um grupo de 12 autoridades passou a traçar os planos de ação naquela unidade. Após 48 horas e com o comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte, e o chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, sentados à mesa de decisões, uma tonelada de possibilidades de combate aos atentados foi pesada e ponderada. Restou uma na balança: o pedido de apoio à Marinha. A ideia nasceu depois da análise do material enviado pelo Serviço de Inteligência e foi levada ao secretário Beltrame. Depois de uma reunião de quatro horas, o plano foi apresentado ao governador. Ele o chancelou. Por volta da meia-noite da quarta-feira 24, um ofício foi enviado ao Comando da Marinha para propor oficialmente a parceria e, no dia seguinte, nove blindados dos Fuzileiros Navais transportaram centenas de policiais para dentro da Vila Cruzeiro – a mesma onde, em 2002, foi incinerado vivo por traficantes o jornalista Tim Lopes.

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A invasão e a ocupação da Vila Cruzeiro foram o ápice da reação do governo estadual milimetricamente planificada e harmonicamente casada com o governo federal e o Poder Judiciário. Primeiro, a transferência de presos para isolar os líderes criminosos – isso se chama cortar a cabeça da cobra, ou seja, o corpo do réptil continua se movendo e se debatendo, mas ele já não enxerga. Depois, a segunda providência foi mandar na hora os novos presos também para presídios federais – se ficassem no Estado, fatalmente haveria rebeliões nas cadeias. Finalmente, chegou-se à etapa de tomar o quartel-general do terror. Todo esse conjunto de ações levou 96 horas, a contar do domingo, quando os atentados começaram a se disseminar. Nesse dia o aposentado Paulo César Albuquerque, 64 anos, sua mulher, Maria de Lourdes, 53, e seu neto Henrique, 10, passavam pela Linha Vermelha quando perceberam uma estranha movimentação e intuíram o que estava por acontecer. Mulher e marido imediatamente retiraram de seus dedos as alianças que os acompanham há um quarto de século e as esconderam sob um dos bancos do carro. “Um cara com arma na mão estava na pista e disse que era assalto. Havia três outros homens assaltando pessoas”, diz Albuquerque. Eles foram retirados do carro e assistiram, perplexos e indefesos, aos bandidos atearem fogo ao automóvel. “Assim que o fogo foi controlado, voltamos para ver o que tinha sobrado e achei a bolsa e as alianças. A minha estava inteira, mas a dele...”, diz a esposa, mostrando o anel derretido do marido. Em outro ponto da cidade, na Tijuca, a corretora de seguros Daniele Toledo, 36 anos, foi outra a ser atingida pelos marginais. Quando se preparava para dormir, ouviu gritos: “Dani, estão tocando fogo no seu carro.” Ao sair à janela viu uma garrafa pet em chamas sobre a mala traseira de seu Clio Renault. “Vesti um roupão, peguei um balde com água e fui para a rua. Quando cheguei, vi dois rapazes numa motocicleta e ouvi quando um deles falou para a vizinha que estava na janela: agora pode chamar os bombeiros.” A sensação de desamparo se apoderou de Daniele, ela sentou-se no chão da cozinha de sua casa e chorou, chorou, chorou: “Estou à base de calmantes, entrei em paranoia.

Força, Rio! - Parte 2

A reação dos cariocas: a população dá apoio às ações do governo, que enfrentou com força e inteligência os ataques do tráfico. O crime organizado não se conforma com o sucesso das Unidades de Polícia Pacificadora

Francisco Alves Filho e Wilson Aquino

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“É muito importante que o ambiente físico seja normalizado o mais rapidamente possível”, diz o psicólogo Christian Kristensen, pesquisador do Núcleo de Estudos em Trauma e Estresse da PUC do Rio Grande do Sul. “As pessoas ficam com sentimento de vulnerabilidade”, diz a psicóloga carioca Marcele de Carvalho, do Centro Psicológico de Controle do Stress. Para o sociólogo Renato Lima, secretário-geral do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Rio sofre com um esquema tático de guerrilha que foi adotado pelos traficantes. Diz ele: “O que está acontecendo são reações esperadas. Diante de uma restrição de seus territórios, o crime reage para provocar o pânico e desestabilizar a polícia, numa tentativa clara de criar acordos.” Ele acredita que o governo deva continuar a investir pesado na análise de informações como uma medida de prevenção ao crime organizado: “O Estado não pode retroceder.” Era justamente isso que tinham em mente os comandantes da polícia quando planejaram a maior operação da história da polícia carioca, a tomada da Vila Cruzeiro, com um contingente de 500 homens. Ao fim do dia, a comunidade, tida como reduto intocável do tráfico, voltou para as mãos do Estado. “Pertence a quem mora nela”, disse o delegado Rodrigo de Oliveira, diretor da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a unidade de elite da Polícia Civil.

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BALAS PERDIDAS
Moradores se desesperam e policial toma posição no Jacarezinho

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ALVO
Daniele teve seu carro queimado pelos criminosos
na frente de casa, no bairro da Tijuca

A Vila Cruzeiro se transformara em QG dos bandidos porque uma infinidade de traficantes expulsos dos morros nos quais foram instaladas UPPs se refugiaram no Complexo do Alemão (engloba cerca de 40 favelas). Nele, estima-se que pelo menos 600 bandidos viviam armados até os dentes – como são aproximadamente 400 mil moradores, subtraiam-se esses 600 e temos a esmagadora maioria da população local que sacoleja no trem para ir e voltar do trabalho honesto. O apoio da Marinha foi determinante. Ao lado dos policiais militares, os fuzileiros navais apontavam armas na direção do morro e também eram eles que guiavam os blindados especiais M113, semelhantes aos vistos na guerra do Iraque. Enquanto o barulho dos tiros indicava que uma guerra era travada no morro, no asfalto o clima era de curiosidade, perplexidade e medo – ou tudo junto. Lojas, bancos, postos de gasolina e lanchonetes foram fechados. Nas ruas poucos automóveis circulavam e o que se via era um desfile de tanques, carros de combate e blindados da polícia – os já conhecidos “caveirões”. Enquanto algumas pessoas corriam apavoradas tentando se proteger do fogo cruzado, outras caminhavam em direção aos pontos de concentração dos policiais e fuzileiros como se fossem assistir a um espetáculo. “Meu filho pediu para ver o que estava acontecendo e eu o trouxe”, contou com tranquilidade a dona de casa Rachel Nigri, 45 anos, ao lado do pequeno Guilherme, 8. Ela mora na região há mais de três décadas e se diz acostumada aos conflitos entre traficantes e policiais. “Estou torcendo pela implantação de uma UPP na comunidade.” Ao longo do tempo em que durou o tiroteio, a estudante Aline da Silva, 16 anos, filmou toda a ação com o celular. “Moro na favela há cinco anos e a presença da Marinha é uma boa novidade”, disse ela.

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TERRITÓRIO
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame,
diz que a polícia não sairá mais das zonas atacadas

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Não foi somente a parceria entre polícia e Forças Armadas que marcou a reação das autoridades. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atendeu prontamente aos pedidos do governador Sérgio Cabral: a Polícia Federal cedeu 300 homens e as Forças Armadas, outros 800 que na sexta-feira cercaram o complexo do Alemão, para onde haviam fugido os traficantes da Vila Cruzeiro. “Os traficantes faziam as barbaridades e corriam para os seus redutos, protegidos por armas. É importante prender essas pessoas, mas o vital é retirar-lhes o chão. Ficam vulneráveis quando rompemos o muro que os protege”, diz o secretário Beltrame. “O Estado está se afirmando de uma maneira que me parece adequada, o Rio está mostrando que é forte”, diz o procurador Denílson Feitoza. “A presença da polícia nas comunidades é muito importante, porque cria a base para políticas sociais.” Mesmo após a enérgica reação policial, os bandidos insistiram em atentados na sexta-feira, fato que era esperado pelo próprio Serviço de Inteligência e pelo Centro de Gestão de Crise. Da mesma forma, também era aguardado que eles começassem a demonstrar certo grau de desarticulação. A socióloga e ex-diretora da Secretaria Nacional de Segurança Pública Jacqueline Muniz acredita que as ações do governo são corretas na medida em que ele conta com a capacidade de saber o que o inimigo está planejando. “Os atos de terrorismo se beneficiam da surpresa e aleatoriedade. O poder público tem de reagir com previsibilidade e regularidade de ações”, diz ela. A rigor, o Estado antecipar-se às ações do terror ou “fingir taticamente” que não sabe que elas vão acontecer para trazer a seu favor o “fator surpresa” é vital para a eficácia da repressão. O governo está fazendo a sua parte e a população o aplaude. Tem, no entanto, de ir além do bater palmas. Não é nada raro que pessoas de classe média e classe média alta consumam drogas e considerem que o dinheiro que dão em troca seja diferente, por exemplo, do dinheiro que o favelado ou o bandidos usam para se drogar. Ilusão. Ou seja: é como se falassem, valendo-se simbolicamente de uma redoma de assepsia social, “eu uso drogas de forma recreativa e nada tenho a ver com o financiamento do narcotráfico”. Tem a ver, sim. Vale, portanto, refletir no que diz taxativamente o secretário Beltrame: “Quem consome drogas financia o tráfico e joga contra os nossos objetivos.”

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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

GLÓRIA DO GOITÁ



Os nove vereadores de Glória de Goitá, na Zona da Mata de Pernambuco, estão de braços cruzados desde a segunda-feira (21) por causa da polêmica que envolve recursos pagos a eles indevidamente.


Desde 2009, eles recebiam R$ 112 a mais no contracheque, valor que teria sido incluído indevidamente pela legislatura anterior, que em 2008 aprovou o valor dos vencimentos dos sucessores. Até setembro deste ano, ninguém tinha percebido o erro. Ocorre que, naquele mês, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) notificou os membros da Câmara Municipal ordenando a devolução de R$1.492 referentes à soma dos pagamentos irregulares. O problema é que o atual presidente da Câmara quer que os colegas devolvam o dinheiro em duas vezes. Os vereadores dizem que a medida vai abocanhar quase 30% dos salários de novembro, pegando todos de surpresa.

Os vereadores até aceitam restituir os quase R$ 1.500 com a condição de que o pagamento seja gradual, assim como foram os repasses indevidos. “Ninguém aqui sabia que nosso salário estava vindo com valor errado. A questão é que recebemos R$ 2.700 por mês, e pagar essas duas parcelas de uma vez vai prejudicar muito nosso orçamento familiar” argumenta o vereador Lenilson José dos Santos (PDT).

Ainda segundo o pedetista, o presidente da Câmara, Manoel Firmino (PSB), insiste em querer o pagamento em duas parcelas. Caso os vereadores não façam dessa maneira, todas as contas da Casa seriam rejeitadas.

Como o presidente da Câmara não atendeu ao pedido de devolução parcelada do dinheiro, os vereadores da situação e quatro da oposição resolveram se unir. Ficou acertado que ninguém comparece às sessões ordinárias enquanto o pleito não for atendido. As reuniões acontecem apenas às segundas-feira à noite, a partir das 19h30.

O presidente da Câmara de Vereadores de Glória de Goitá foi procurado, porém não atendeu as ligações da reportagem.

Em nota, MEC diz que não cancelará Enem





Após a confirmação do vazamento do tema da redação do Enem, o Ministério da Educação emitiu nota oficial na madrugada de hoje (24), informando que não cancelará o exame deste ano. O argumento é que a prova em si não foi comprometida, somente o texto motivador da redação. O estudante envolvido na fraude será eliminado.

A Polícia Federal informou nesta terça-feira (23) que houve vazamento do tema de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado no dia 7 de novembro. Após investigações em Juazeiro (BA), a PF concluiu que uma professora de Remanso (BA), que aplicou a prova no Colégio Ruy Barbosa, na mesma cidade, teve acesso ao texto que baseou a prova de redação. Ela abriu um caderno de questões destinado a deficientes visuais duas horas antes do início das provas.

Com as informações, a professora entrou em contato com o marido, que pesquisou sobre o tema e ligou para o filho em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. O garoto, por sua vez, questionou os professores de sua escola sobre como deveria abordar o assunto.

Confira a nota oficial:

“Segundo informações da Polícia Federal, o caso apurado em Juazeiro, no estado na Bahia, está circunscrito a um estudante e o procedimento administrativo padrão é a eliminação do candidato no exame.

O Inep informa que o sigilo do tema da redação foi mantido, uma vez que a professora indiciada pela PF repassou o título de um dos textos motivadores - "O Que é o Trabalho Escravo". O tema da prova era "O Trabalho na Construção da Dignidade Humana".

Isso não ocorreu por acaso. A elaboração do tema da redação é feita de tal forma que um simples olhar sobre o caderno de questões não é suficiente para identificá-lo, É preciso uma leitura atenta e acurada.

Governo já projeta resultado melhor que meta para CO2

Setor energético brasileiro é mais limpo que a média mundial, mas país ainda é o terceiro em poluição

AE

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O Brasil conseguirá atingir um resultado melhor do que a meta de redução de emissões de CO2 no setor energético com o atual planejamento energético do País, que privilegia a hidroeletricidade e fontes renováveis de energia. A previsão foi feita nesta terça-feira (23) pelo presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), Maurício Tolmasquim, em palestra dada na Conferência Hidroeletricidade Sustentável, que acontece no Rio de Janeiro.
Segundo Tolmasquim, seguindo o atual plano decenal, o País chegará a 2020 com emissões do setor energético somando pouco menos de 700 milhões de toneladas de CO2, abaixo do que seria necessário para atingir a meta voluntária do Brasil assumida na Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Copenhague (COP-15), no ano passado.
A meta assumida pelo Brasil é chegar a 2020 com a mesma intensidade de emissões totais de 2005. Segundo Tolmasquim, as emissões do setor energético, incluindo o setor de petróleo e gás, eram de 362 milhões de toneladas em 2005. Com a projeção do tamanho da população de Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, a meta para a manutenção daquela intensidade de emissão seria de 730 milhões de toneladas.
"Para fazer isso, o Brasil tem que cumprir o plano decenal (de política energética). O cenário que está no plano decenal não é uma referência, mas o plano para chegar ao cenário firmado em Copenhague até com uma pequena redução da intensidade de emissão em relação a 2005", disse Tolmasquim.

Em dez anos, total de casos de aids caiu 19%, diz ONU


Apesar de melhorias, acesso a medicamentos ainda é precário para milhões

AE

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O total de casos de aids caiu cerca de um quinto no mundo na última década, informou nesta terça-feira (23), em relatório, a Organização das Nações Unidas (ONU). Apesar da boa notícia, a ONU notou que milhões de pessoas ainda não têm acesso a grandes progressos na prevenção e no tratamento da doença.
Em 2009, 2,6 milhões de pessoas contraíram o vírus HIV, causador da aids. O número representa um declínio de 19% em comparação com os 3,1 milhões de casos registrados em 2001, informou a UNAIDS, uma agência da ONU que lidera uma campanha internacional contra a doença. As informações são da Dow Jones.

Justiça condena médico Roger Abdelmassih a 278 anos de prisão



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A juíza Kenarik Boujikian Felippe, da 16ª Vara Criminal de São Paulo, condenou na tarde desta terça-feira (23) o médico Roger Abdelmassih a 278 anos de prisão. Ele é acusado de crimes sexuais contra pacientes de sua clínica de reprodução. O advogado do médico, José Luis Oliveira Lima, disse que vai recorrer da decisão.
Segundo o advogado, na quarta-feira (24) a defesa vai recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo. "Respeito a decisão da Justiça, mas confesso que fiquei surpreso. A juíza desprezou os mais de 170 depoimentos de clientes e de maridos sobre o trabalho do doutor Roger. Ela também desprezou a questão de falta de materialidade nas provas", disse Lima.
O advogado também afirmou que seu cliente sempre negou todas as acusações e que a juíza desprezou os esclarecimentos apresentados por Roger Abdelmassih.
Famoso especialista em reprodução assistida, Abdelmassih foi preso em em 17 de agosto de 2009. Em dezembro, o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, concedeu liberdade ao médico. Ele foi denunciado por crimes de estupro praticados contra mais de 50 mulheres que dizem ter sido suas pacientes.
As investigações contra Abdelmassih começaram em 2008, quando ex-pacientes procuraram um grupo especial do Ministério Público para denunciar o médico por crimes sexuais. A maior parte das mulheres tem idades entre 30 e 45 anos e são de vários Estados do País.

FRASE DO DIA

"Sei da minha relação com a sociedade, mas quero desencarnar do cargo. Quero fazer uma limpeza para voltar a agir na mais primorosa normalidade de um ser humano.”

Lula

CHARGE DO DIA

Dilma adia a negociação com ‘aliados’ para dezembro


Sérgio Lima/Folha

Dilma Rousseff adiou para dezembro a negociação com os partidos que compõem a coligação que lhe dará suporte no Congresso.

Foi o que ela informou a dois personagens com os quais se reuniu, separadamente, nesta terça (23).

Recebeu Michel Temer, vice eleito e presidente do PMDB; e Eduardo Campos, governador reeleito de Pernambuco e presidente do PSB.

De acordo com o que disse ao operadores da treansição, Dilma explicou a ambos que, definidos os nomes da equipe econômica, vai escalar o time do Planalto.

Nesta quarta (24), deve oficiliazar Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior (Planejamento) e Alexandre Tombini (Banco Central).

Na quinta (25), voa para Georgetown, na Guiana, junto com Lula. Participa de reunião da Unasul, o segundo compromisso internacional depois de eleita.

Na semana que vem, segundo disse, concluirá a montagem da cozinha palaciana. E só então abrirá a negociação com os partidos.

Considerando-se o que diz, Dilma já montou ou está muito perto de montar o xadrez do Planalto.

Superou a resistência que nutria à acomodação de Antonio Palocci na equipe da Presidência.

Tentou empurrar Palocci para a pasta da Saúde. Porém, o deputado, médico de formação, refugou o abacaxi.

Agora, sem mencionar o cargo, Dilma deixa antever que Palocci vai mesmo a uma pasta assentada na sede do Planalto.

Seja qual for o ministério, o ex-czar da economia de Lula não terá, sob Dilma, as feições de um superministro. Nem Palocci nem ninguém.

Para livrar-se da armadilha, Dilma vai retirar da Casa Civil a atribuição de coordenar o PAC e suas obras.

Transferida da assessoria da Presidência para o Planejamento, Miriam Belchior levará com ela o programa que deu superpoderes a Dilma.

Aferrada ao calendário que se autoimpôs, Dilma esquiva-se de antecipar a análise dos nomes que as legendas levarão à mesa.

Limita-se a emitir sinais. Ao PMDB, por exemplo, insinua que a legenda perderá a pasta da Saúde.

Diante da recusa de Palocci, Dilma fixou-se na ideia de nomear outro “técnico” para o lugar do médico José Gomes Temporão (PMDB).

Tomada pelo que informa em privado, Dilma não parece inclinar-se para o petista Alexandre Padilha.

Coordenador político de Lula, Padilha, que também é médico, cabala apoios para virar titular da Saúde.

Padilha move-se com desenvoltura tamanha que despertou em Dilma uma ponta de aversão.

O PMDB decidiu não quebrar lanças por Temporão. Enxerga nele um apadrinhado do governador Sérgio Cabral (RJ), não um representante do pedaço do partido que tem votos no Congresso.

Ao mesmo tempo em que digere a perspectiva de ficar sem a Saúde, os partidários de Temer cultivam a expectativa de que Dilma brinde o PMDB com uma compensação.

Quanto ao PSB de Eduardo Campos, Dilma sinaliza a intenção de tonificar a presença da legenda na Esplanada –um prêmio à lealdade e ao desempenho nas urnas.

São temas que a sucessora de Lula planeja tratar no final da próxima semana, entre os dias 1º e 3 de dezembro. Ela tem a intenção de fechar o ministério até o dia 15.

Após governar como violinista, Lula ‘refuga’ o violino


Sérgio Lima/Folha

Ao montar as equipes com as quais governou por dois mandatos, Lula revelou-se um compositor de talento. Compôs com todo mundo.

Em ação, guiou-se por uma velha máxima da política: Governar é como tocar violino. Pega-se o instrumento com a esquerda. Toca-se com a direita.

Nesta terça (23), Lula assistiu a uma apresentação da sinfônica infantil que leva o nome de sua mãe.

Alunos de uma escola municipal de Tocantins (TO), os meninos da Orquestra Sinfônica Dona Lindu tocaram para Lula na Base Aérea de Brasília.

Animado, o homenageado tomou de empréstimo um violino. Seguiu a cartilha: instrumento com a esquerda, arco com a direita.

Algo desajeitado, arrancou das cordas um fenômeno acústico muito distanciado do que se convencionou chamar de música.

Entre risos, Lula desculpou-se. Alegou que lhe faltava não a habilidade, mas um dedo.

Uma deficiência que, na execução da partitura da Presidência, o PMDB supriu com raro talento.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

CHARGE DO DIA

s Vereadores de Glória de Goitá entram em greve

Blog do Jamildo


Insatisfeitos com o repasse de duodécimos para a Câmara Municipal, que estaria sendo pago a menor, prejudicando o pagamento de seus salários, os vereadores de Glória de Goitá, na Mata Norte, decretaram nesta segunda-feira uma inusitada greve, com o objetivo de pressionar o Executivo municipal (Djalma Paes) a melhorar suas vidas.
Eles dizem contar com o aval do TCE, que teria reconhecido a situação irregular.

Aglaílson vai testar a filha para as eleições de 2012


Nem terminou a euforia das recentes eleições, o futuro presidente da Câmara de Vereadores da Vitória de Santo Antão, José Aglaílson (PSB), anunciou na tarde desta segunda-feira (22), na TV Vitória (canal 58), que deverá estudar o nome de sua filha, Ana Elizabete, para postular a Prefeitura da Vitória de Santo Antão nas eleições de 2012.

O ex-prefeito anunciou que deverá encomendar uma pesquisa de opinião pública na cidade para aferir se a população vê com bons olhos uma mulher candidata a Prefeitura da Vitória. Ele citou que as mulheres tem se fortalecido na política, reforçando que a eleição de Dilma Rousseff (PT) para a Presidência da República consolidou este avanço.
Aglaílson manifestou o seu desejo de lançar sua filha Ana, caso não disponha da oportunidade de lançar-se candidato para tentar conquistar o terceiro mandato como prefeito.

Ana Elisabete é esposa do atual Procurador do Ministério Público, Paulo Varejão. Ela atuou no governo do pai, na gestão passada, como Secretária da pasta de Assistência Social, além de ter tido uma atuação forte nas campanhas da família Queirálvares.

Esta sinalização do vereador José Aglaílson talvez demonstre a sua apreensão de ser impedido de sair candidato em 2012, por conta dos processos no TCE que já registrou o seu nome em uma listagem preliminar dos políticos "Ficha Suja".

Durante o anúncio da possível postulação de sua filha à Prefeitura em 2012, Ana Elisabete prestava atenção a seu pai, chegando a fazer um pronunciamento sem a presença dele, que não chegou a durar três minutos. Tímida e sem desenvoltura declarou na TV Vitória que pretende iniciar uma luta por um ideal que atenda ao bem estar da população.
Antes, o seu irmão, o Deputado estadual reeleito Aglaílson Júnior (PSB) havia feito severas críticas ao governo do Prefeito Elias Lira (DEM) e não esperou o pronunciamento do seu pai e nem da sua irmã, se retirando rapidamente dos estúdios da emissora. Atitude estranha, já que este tipo de anúncio deveria pelo menos mostrar unidade política da família Queirálvares.


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CHARGE DO DIA

FRASE DO DIA

"Aqui ninguém tem medo de greve. Surgimos na vida fazendo greve. Então não temos problema em dialogar com os trabalhadores.

Ministro Paulo Bernardo, do Planejamento.

PSDB analisa reestruturação e jura que fará oposição


José Cruz/ABr

O PSDB reuniu nesta quinta (18) sua comissão Executiva.

Foi o primeiro encontro desde a derrota de José Serra na peleja presidencial.

A principal legenda da oposição analisa a fatura cobrada pelo infortúnio.

Como se trata da terceira derrota, o preço é acrescido de juros e multas.

Decidiu-se abrir um crediário. O pagamento será feito em parcelas de autocríticas.

Para programar a liquidação da primeira parela, constituiu-se um grupo.

Vai cuidar da elaboração de um plano de reestruturação da legenda.

Devem integrá-lo: FHC, Aécio Neves, José Serra e Tasso Jereissati.

Trabalha-se com os olhos voltados para as eleições municipais de 2012 e, sobretudo, a sucessão presidencial de 2014.

Antes, o tucanato terá de decidir quem vai comandar a legenda. Vencida, a presidência de Sérgio Guerra (PE) foi prorrogada até maio de 2011.

O quadro de dirigentes do PSDB será definido numa trinca de convenções: em março, as municipais; em abril, as estaduais; em maio, a nacional.

Até lá, os grupos de Serra e Aécio alimentarão a noticiário sobre a guerra fria que anima os porões do partido.

No mês que vem, antes do Natal, o PSDB fará nova reunião, dessa vez ampliada. FHC, Serra e Aécio não deram as caras no encontro desta quinta.

A despeito da lipoaspiração que as urnas impuseram às suas bancadas na Câmara e no Senado, o tucanato considera-se bem-posto para fiscalizar a gestão Dilma.

“A oposição terá que ser mais combativa do que já foi”, diz Sérgio Guerra. “Não nos faltarão vozes para essa oposição”. A ver.

Júri condena o 1º réu do caso Celso Daniel: 18 anos


Folha

Levado a júri popular nesta quinta (18), Marcos Roberto Bispo dos Santos tornou-se o primeiro condenado no caso do assassinato do ex-prefeito petista Celso Daniel (foto).

Depois de seis horas de julgamento, os jurados (cinco mulheres e dois honens) consideraram o réu culpado. A sentença foi fixada em 18 anos de cadeia.

Marcos Bispo é um dos sete implicados no crime. Dirigiu um dos automóveis que executaram o sequestro de Celso Daniel, em janeiro de 2002.

Dois dias depois, o corpo de Daniel, ex-prefeito de Santo André, foi encontrado numa estrada de terra de Itapecerica da Serra (SP). Foi executado com oito tiros.

Coube ao promotor Francisco Cembranelli o papel de acusador. Em essência, ele pintou diante do júri o seguinte quadro:

Celso Daniel foi morto por encomenda de uma quadrilha que desviava verbas das arcas da prefeitura de Santo André.

O morto consentiu os desvios enquanto serviram para fornir o caixa dois eleitoral do PT.

A certa altura, o dinheiro passou a engordar as contas bancárias de membros da quadrilha.

Celso Daniel levou o pé à porta do cofre. E sua morte foi, então, planejada, encomendada e executada.

Marcos Bispo não deu as caras no julgamento. Foi condenado à revelia. Ele havia confessado participação no crime. Porém...

Porém, seu advogado, Adriano Marreiro dos Santos, disse aos jurados que o cliente confessou sob tortura.

Teria sido torturado nas dependências de duas repartições policiais de São Paulo.

Primeiro, no DEIC (Delegacia Estadual de Investigações Criminais). Depois, no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

Ao condenar Marcos Bispo, os jurados deram de ombros para a argumentação do advogado. Preferiram endossar os argumentos do promotor Cembranelli.

Afora a condenação do réu, a sentença vai à crônica do caso como um endosso à tese de que Celso Daniel foi à cova em meio a uma operação de queima de arquivo.

Uma tese que constrange o PT, apontado pelo Ministério Público como beneficiário dos malfeitos praticados sob o ex-prefeito.

Noutro processo, uma ação penal que corre em Santo André, figuram no pólo passivo o PT e o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.

Carvalho foi formalmente acusado de entregar as verbas de má origem coletadas no município para o então presidente do PT, José Dirceu.

O assessor de Lula nega participação no malfeito. Dirceu também. O PT classifica a alegação de caixa dois de “fantasiosa”.

O fantasma continua a assombrar a legenda. Sacudiu o lençol no júri desta quinta. Voltará no julgamento dos outros seis acusados.

Sob Dilma, Fazenda será gerida por um ‘Mantega 2º’


O repórter recolheu de um escorpião do Banco Central uma análise sobre a decisão de Dilma Rousseff de manter Guido Mantega no Ministério da Fazenda.

Disse que Dilma promete entregar, até 2014, duas mercadorias preciosas para a economia brasileira.

A primeira: uma lipoaspiração na dívida líquida interna, emagrecendo-a dos atuais 41% para 30% do PIB. A segunda: juros reais de civilizados 2% ao ano.

O provimento da encomenda, disse o escorpião, exigirá o surgimento de um Guido Mantega 2º. Um personagem que conspire contra a continuidade de seu próprio legado.

Sob Lula, o Mantega 1º especializou-se em criticar, com riso irônico nos lábios, o remédio dos juros altos administrado pelo BC.

Sob Dilma, o novo Mantega terá de ajudar a debelar a doença, gerarando o ajuste fiscal que o antigo ministro se absteve de produzir.

O desajuste financeiro está, de novo, no câmbio. Que leva ao recurso dos juros altos. Que não podem mais prosperar, sob pena de asfixiar o doente.

Para atacar a moléstia na causa, Mantega 2º terá de fechar o cofre sem secar os investimentos. Desonerar a folha salarial e as exportações sem comprometer a coleta do fisco

É um tipo de mágica que não se faz distribuindo sorrisos à Esplanada. Exige-se: na face, um cenho crispado. Nas mãos, uma boa adaga.